por Nivaldo Vieira de Andrade Junior*
O Presidente Jair Messias Bolsonaro disse, assim que foi eleito, que no governo dele não haveria mais indicações políticas para cargos técnicos.
1. Há dois dias, a historiadora Salma Saddi foi exonerada do cargo de Superintendente do IPHAN em Goiás, após 39 anos de dedicação ao órgão, que ajudou a montar no estado, e depois de 18 anos no cargo de Superintendente, quando se tornou uma das mais respeitadas gestoras do IPHAN no país.
O novo superintendente, indicado para substituir Salma, é um advogado que foi indicado por um deputado federal de um partido da base aliada. Detalhe: o deputado é proprietário da faculdade em que ele (o novo superintendente) é professor. Ao jornal “O Popular”, o deputado disse, sobre a indicação, que “O Iphan foi um cargo que foi sorteado para nós aqui (da bancada goiana). Foi feito o sorteio aqui no governo federal para cargos de Goiás, e o que sobrou para mim foi o Iphan.”
2. Também há dois dias, foi exonerada do cargo de Superintendente do IPHAN no Distrito Federal a historiadora Ione Carvalho, pós-graduada em Antropologia Social e mestre em Museologia pela George Washington University, nos Estados Unidos. Ione tem larga experiência no campo da cultura em diversos países e organismos internacionais e ficou poucos meses no cargo.
Seu substituto, nomeado na mesma edição do Diário Oficial da União, é formado em processamento de dados(!) e membro da diretoria do PSL (Partido do Presidente Bolsonaro) no Distrito Federal. Nas eleições de 2006, foi candidato a Suplente de Senador pelo PFL, na chapa em que José Roberto Arruda foi eleito governador. O novo superintendente do IPHAN no DF “trabalhou na imprensa mas desde 2006 todas as atuações dele são na área política”.
3. Da Superintendência do Paraná, foi exonerado, há dois dias, o arquiteto e urbanista José Luiz Desordi Lautert, com formação em Restauração de Monumentos Arquitetônicos pela Universidade Politécnicas da Catalunha (Espanha) e em Gestão Técnica do Meio Urbano pela Universidade de Compiège (França) e PUC Paraná. Antes de ser superintendente do IPHAN no Paraná, Lautert foi chefe da divisão técnica da mesma Superintendência, além de ter trabalhado na Coordenadoria do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná e no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC).
Lautert foi substituído por um engenheiro civil sem qualquer experiência na área do patrimônio, por indicação de um deputado da base governista.
*Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil
Um absurdo a intervenção politica colocando gente despreparada para assumir uma importante função que requer formação técnica, treinamento e experiência. Todo o relevante serviço prestado por esse órgão à preservação da história do Paraná e do Brasil corre o risco de ser perdido.
Fisiologismo a negociação de cargos em troca de votos. Os donos do poder retalham as verbas públicas atraves de cargos e nada agregam a sociedade, pelo contrário, destrói a identidade a história, me faz pensar:
Nao se trata apenas de governo, mas de usurpadores que vao se apropriando e fazendo do país o instrumento de satisfação dos interesses pessoais e de seu grupo.
Temos de responder nas urnas , a única arma que nos resta para expulsar este mal que nos aflige
…mas a gente “preparada” do IPHAN deixa barcos da Revolução Tenentista de 32 tirados do fundo das águas no Rio Paraná em Porto São José apodrecerem num campo de futebol de Porto Rico.