Por Dirceu Pio
Soube que a Abraji- Associação Brasileira dos Jornalistas Investigativos (?) publicou na web uma nota de apoio ao repórter João Paulo Saconi, da revista eletrônica Época, do Grupo Globo, que sem se identificar e nem revelar seu objetivo, contratou aulas de coaching da psicóloga Heloísa Bolsonaro, esposa do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, para publicar, dia 14-09, o texto “O coaching on-line de Heloísa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”.
Um jornalista esconder suas intenções a uma fonte é algo abominável e uma entidade que diz reunir os jornalistas investigativos do país defender a prática como algo adequado é triste e melancólico, pois nos faz sentir o peso da imensa perda que as sociedades modernas tiveram quando trocaram os canais tradicionais de informação por essa mulher bonita e carinhosa que faz o homem gemer sem sentir dor, como Zé Ramalho chamaria a internet.
O pior, nesse caso, é que as vítimas – Heloísa, Eduardo e seu pai, o presidente Bolsonaro – devem, segundo a Abraji, suportar tudo em silêncio. Como resolveram expor sua justa indignação nas redes sociais, são chamados de “autoritários” e pessoas que, mais uma vez atacam a liberdade de imprensa, como se essa liberdade fosse garantida por leis que protegem o mau jornalismo.
VIRADO DE PONTA-CABEÇA
Com a supremacia da web, o mundo do jornalismo está mesmo virado de ponta-cabeça; práticas antiéticas na busca de informação são aceitas como normais; hackeamento e roubo de mensagens privadas de juízes e promotores, ou sejam, práticas criminosas de obtenção de informações, são referendadas até por ministros da Suprema Corte; a promiscuidade que resulta da associação de provedores de informação com operadoras de mercado financeiro são vistas como iniciativas válidas para a sobrevivência das empresas de comunicação.
Quando deixei, em 1998, o Grupo Estado, onde trabalhei por quase trinta anos, acumulava um total de 3.516 textos assinados e pelo menos 2.500 reportagens de grande porte. Nunca escondi das minhas fontes nem minha identidade nem o objetivo do trabalho, exceto uma única vez, e por razões de segurança pessoal.
FRENTE À FRENTE COM O CHEFE
No meio de um levantamento sobre o famoso grilo Santa Cruz, no Paraná, ao entrar numa fazenda, vi-me frente à frente com o chefe dos jagunços da Colonizadora Norte do Paraná que havia liderado o esbulho.
Senti que correria riscos de vida caso revelasse as razões de estar ali. Menti, disse que fazia uma reportagem sobre a expansão da soja brasileira. Procurei abreviar a conversa e no texto que escreveria mais de uma semana depois, registrei que a mulher do entrevistado serviu-nos, a mim e ao fotógrafo Irmo Celso, água gelada em jarra e copos de cristal.
Tudo parece hoje muito mudado. Ainda no Grupo Estado, como executivo da Agência Estado, iria participar da fase de transição do jornalismo de tempo diferido para o de tempo real.
A Agência acrescentava à missão de prover conteúdos para mídias, uma segunda, que era a de prover informações em tempo real para as mesas financeiras.
INFORMAÇÃO CONTAMINADA
Proprietária de um conteúdo que carregava a credibilidade centenária de O Estado de São Paulo, a Agência Estado teve um crescimento explosivo.
A Momento, uma provedora ligada ao antigo Banco de Boston, e a Agência Globo, do grupo Globo, então proprietário da Corretora Roma, nem sequer decolaram porque o mercado financeiro se recusava a aceitar provedores de informação que já nasciam com esse vício de origem.
Hoje, não. Depois de se desfazer, em 1990, de seus interesses diretos em mercado financeiro, o Grupo Globo, dono da TV, do jornal e da revista eletrônica Época e dos canais a cabo, anunciou a compra em 2017 de uma participação minoritária na Órama Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM).
A distribuidora é responsável pelo site de investimentos Órama Investimentos, que distribui fundos e papéis de renda fixa. A estratégia, segundo a empresa de comunicação, é seguir os passos de outros grupos de mídia internacionais, que vêm investindo em plataformas digitais como base da expansão de seu negócio de conteúdo, abrangendo áreas como inteligência de dados, serviços e classificados online.
Tudo, enfim, conspira contra a informação e o jornalismo.
Não se preocupe com o pudor dessa família rodeada de sicários e outros malfeitores vai desembocar em alguma atitude.
Eles são acostumados com o besterol que berram no dia a dia,e esses homens de família com mais de tres,mas que se contenta em comer cabras e galinhas não vai achar ruim não,quem está com a dor de corno são os orbitantes,os famosos puxas-sacos.
Em 1975, fiz página inteira que chamei de JAGUNÇOS AMEAÇAM POSSEIROS, título que dispensa tradução. A situação aconteceu em Terra Rica. Também andei com o c* na mão.
O que o Silvestre escreveu, pode até ser razoável… Mas só se considerar o PT como família e o Mula da Silva como o chefete corrupto, encantador de abestalhados