Pensei na dor, mas foi só falar para alguém e, ah!, ouvi sobre uma muito pior. Ele raspou minha cabeça e na hora em que colocou a máquina para aparar os pelos dos túneis do nariz… pensei na faca enfiada e toda lateral aberta num só golpe. Fui tirar o dinheiro da carteira e uma nota fiscal caiu. As contas estouradas. As costas idem. Logo terão de colocar pinos na sua coluna. O doutor disse logo depois que a senhora em forma de anjo contou que na primeira vez um pino ficou solto. Na segunda, não, mas o cirurgião esqueceu uma gaze lá dentro e costurou. Abriram de novo. Cicatrizes. Nunca esqueço o filme Crash e Débora Unger. Não sinto prazer na dor. Parece que os outros sim, ao me olhar. Arrastando a perna esquerda. A direita já recebeu sua cota há alguns anos. Foi no Vietnã, quando eu era segurança de Hồ Chí Minh. Será mesmo?