Amanhã (14) acontece a eleição na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Dois são os candidatos: Carlos Walter Martins Pedro, de Maringá, e José Eugênio Gizzi, de Jacarezinho. Na queda de braço, pesada, quem virou alvo mesmo foi o atual presidente, Edson Campagnolo, que apoia Carlos Walter. Talvez isso aconteça porque ele sempre quis decolar da plataforma onde está desde 2011 para voos mais altos. No ano passado, por exemplo, tentou ser vice na chapa do atual governador Ratinho Junior, mas a intenção foi abatida porque surgiram denúncias na imprensa, que ele rebateu na Justiça mas, ao que parece, não o suficiente. Há outro nó ainda não desatado e que foi parar na semana passada no Tribunal de Contas da União em forma de representação assinada por José Gizzi, candidato da oposição que, assim, atirou em Campagnolo para acertar o adversário – e parece que conseguiu, pois Carlos Walter publicou nota nas redes sociais afirmando que não tem compromisso com o que não seja ético. O que foi parar no TCU versa sobre a verba de representação que o atual presidente da Fiep instituiu e que chega atualmente a quase R$ 100 mil e que é apontada como remuneração, o que seria proibido por lei, segundo a denúncia. O torpedo do ano passado foi disparado por uma nota coluna Radar, na revista Veja, onde o empresário foi acusado de destinar uma verba da Fiep para uma empresa da qual seria dono e que isso estaria sendo investigado pelo Ministério Público Estadual através do Gaeco. A Fiep desmentiu oficialmente, afirmando tratar-se de uma fake news, o titular da coluna da revista publicou o desmentido na página da internet e o jornalista Fernando Tupan, que ampliou o disparo no blog que mantém no portal Bem Paraná, retirou a nota. Campagnolo acionou os advogados baseado principalmente num documento do Gaeco onde se afirma que não havia investigação a respeito ali. Mas, como sempre há um mas, o que não se sabia até agora é que há, sim, uma investigação sobre o assunto, na Divisão de Combate à Corrupção, da Polícia Civil do Paraná, no Núcleo de Curitiba. até onde se sabe, ela não foi concluída. A nota da Fiep rebatendo informações publicadas é de 13 de julho de 2018. Três meses depois, em 10 de outubro, o delegado Renato Bastos Figueiroa deu início à investigação que resumiu assim:
“CONSIDERANDO ter chegado a meu conhecimento, por intermédio de denúncia recebida pelos correios, de que a pessoa de Edson Campagnolo, quando Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP, teria se apropriado de recursos financeiros da entidade, por intermédio de pagamento fraudulento de um inexistente passivo trabalhista,
CONSIDERANDO que a denúncia relata também, a emissão de duplicatas simuladas, visando angariar descontos indevidos em instituições financeiras por intermédio de empresas do denunciado, fatos estes ocorridos nos exercícios de 2015 e 2016,
CONSIDERANDO ainda, o relato de rescisão contratual fraudulenta, envolvendo a empresa Rocamp Indústria e Comércio de Confecções Ltda, de propriedade do denunciado, a qual fora sucedida pela Logic Comércio e Confecções Ltda, fatos estes ocorridos no ano de 2013,
RESOLVE Instaurar Inquérito Policial para cabal elucidação dos fatos e apurar eventual responsabilidade criminal pelos fatos descritos, que tipificam, em tese, Crime de Apropriação Indébita, Duplicada Simulada e Crime Contra a Organização do Trabalho, dispostos nos artigos 168, 172 e 203 do Código Penal.”
Na ação impetrada por Campagnolo contra a Editora Abril (revista Veja) e o então titular da coluna Radar, o jornalista Mauricio Lima, hoje diretor de redação daquela publicação, está escrito:
“A notícia é caluniosa, pois imputa ao Presidente licenciado da entidade a realização de condutas criminosas de malversação dos recursos da FIEP. A notícia é difamatória, pois declara que paira suspeita quanto à regularidade da gestão dos recursos da Entidade. Mas, acima de tudo, a notícia é falsa, é mentirosa, é uma invenção. Isso porque todas as contas da atual gestão, iniciada em 2011, foram aprovadas em assembleia geral ordinária do Conselho de da Entidade, assim como não há qualquer investigação contra o Presidente licenciado da FIEP, não há qualquer inquérito contra ele na GAECO/Polícia Civil.”
Correto. Não havia. Depois, sim, a Polícia Civil abriu investigação. Fato é que na disputa de amanhã, ganhe quem ganhar, fica a lição de que, para um cargo tão poderoso, o holofote em cima é forte. O atual presidente sentiu e sente isso na carne, assim como seus antecessores, tisnados que foram pelo TCU, que demora, mas, como disse um ex-diretor da Secex, com sede em Curitiba, em recado direto a um presidente: “Somos como um tanque da Segunda Guerra – nos locomovemos devagar, mas passamos por cima”.