7:22Os desatinos do capitão

por Célio Heitor Guimarães

Há certos deveres/atribuições do presidente da República que, por serem inerentes explicitamente ao cargo, não são estabelecidos pela Constituição Federal nem pela legislação complementar. Unificar o país e pacificar a população brasileira, por exemplo. Pois o atual Messias Bolsonaro faz exatamente o contrário. Desde que levanta, (e provavelmente mesmo dormindo e sonhando) trata de dividir o Brasil e semear a disputa e o ódio entre os brasileiros. Nunca se viu coisa igual. Caso de internamento, sem dúvida.

Quando uma estultice dita ou feita por s. exª. é contornada por seus explicadores, outra brota imediatamente da língua incontrolável do capitão Jair. É a sina dele. Aguenta, Brasil!

Na segunda-feira, o homem acordou com raiva da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil. Acha que a entidade não tem agido como deveria no caso do maluco Adélio Bispo, autor do atentado contra a vida dele, em outubro do ano passado.

Como não encontrou argumento contra o advogado Felipe Santa Cruz, mirou e atirou contra o pai do atual presidente da OAB, Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, desaparecido em fevereiro de 1974, depois de ter sido preso no DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar.

“Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele” – sapecou Bolsonaro.

Até os aliados do presidente lamentaram a inoportuna e desastrada declaração do capitão da reserva. A principal reação, porém, partiu do filho do desaparecido:

“O mandatário da República deixa patente o seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demonstrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia”. E mais: “Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro – e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos”.

Bolsonaro garante que o pai do presidente da OAB “integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, ainda que no relatório da Comissão Nacional da Verdade, responsável pela investigação dos casos de mortos e desaparecidos na ditadura, não haja registro de que Fernando Santa Cruz tenha participado da luta armada.

A Comissão vai pedir explicação a Jair Messias. Para a sua dirigente, Eugênia Augusta Gonzaga, a declaração dele é muito grave. E lamenta que o presidente, se sabe o que aconteceu com o aprisionado Fernando Santa Cruz, em vez de dar informações aos familiares, usa essas informações para “reiterar a tortura dos familiares”.

O que se sabe é que Fernando Santa Cruz, como vários outros ex-integrantes da organização de esquerda Ação Popular, foi assassinado numa operação executada por conhecidos militares da repressão, como então coronel do Exército Paulo Malhães, falecido em 2014. Se o capitão-presidente tem maiores esclarecimentos, está no dever de fornecê-las, apontando, inclusive, onde estão as ossadas do morto, procuradas há 45 anos pela família. Se não tem, e apenas jactou-se de saber para atingir o filho presidente da OAB, em uma de suas costumeiras bravatas, s. exª. enodoou um pouco mais a faixa presidencial e reafirmou não estar à altura de envergá-la.

Os militares têm feito o possível para que sejam esquecidos os desmandos, as torturas e os crimes da ditadura de 1964, mas o capitão reformado Jair Messias Bolsonaro não deixa.

Uma ideia sobre “Os desatinos do capitão

  1. SERGIO SILVESTRE

    Os traços graves de caráter envereda para um problema serio de devaneios psicológicos,esse cidadão é um doente com urgência para ser tratado ,até imagino esse demente com as senhas de um arsenal nuclear,seria o fim do mundo.

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