O som delicado do gato comendo a ração interrompeu a minha dúvida sobre a chuva. Pensei no gato, fiz uma curva na existência. Saí da estrada das perguntas. Segui, então, pela exuberante simplicidade do bichinho. Para ele, chuva ou não chuva, os mistérios são sempre os mesmos. O que muda são apenas as novidades: um parente longínquo no domingo, uma bolinha de outra cor para brincar, o passarinho que foi do fio de luz à árvore. O gato vê só as mímicas. Para ele o mundo sem dor troca de roupa.