porTabata Amaral
Na ausência de projetos do Executivo, o Legislativo não tem tempo a perder
A sociedade brasileira acumulou conquistas importantes nas últimas décadas. Nos tornamos uma democracia depois de 25 anos de ditadura militar, acabamos com a hiperinflação e tiramos milhares de pessoas da linha da pobreza. Essas mudanças só foram possíveis porque soubemos optar pelo desenvolvimento econômico com inclusão social.
O debate público raso nega nossa própria história e estudos sérios, e quer que acreditemos que o Brasil só pode ter crescimento econômico se abdicar do social — ou vice-versa.
Foi dessa maneira que, ao eleger um governo liberal na economia e conservador nos costumes, os cidadãos se veem hoje sem uma agenda social para o país. Durante a última campanha, ouvimos muitas críticas às políticas sociais dos governos petistas, mas não se erigiu no lugar uma agenda que pudesse substituir o que havia. Seguimos sem empregos formais e com um país cada vez mais desigual e sem justiça social.
Precisamos arregaçar então as mangas e fazer no Congresso o que o executivo não faz — pôr em pé uma agenda social que atenda às demandas dos brasileiros. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, já sinalizou a urgência de engatilhar tal processo e foi também durante algumas das conversas por ele organizadas com grupos de deputados que me dispus a pensar temas para essa frente de trabalho.
Se faz urgente a construção de uma agenda que dê novo alento às pessoas e nos tire do casulo da indiferença. O Brasil não avançará e não resolverá o passivo da sua enorme desigualdade se não pautarmos as questões sociais. Tal consenso só é possível por meio do diálogo que, ao contrário do que parece crer o presidente, não se dá apenas entre iguais.
Muitos companheiros do Congresso acreditam, como eu, que a boa política pode transformar a realidade das pessoas, não importando se vem da direita, esquerda ou centro. Construir uma agenda social para o país é uma chance única de romper a armadilha da polarização. Na ausência de projetos do Executivo, o Legislativo não tem mais tempo a perder.
Tabata Amaral é cientista política, astrofísica e deputada federal pelo PDT-SP. Formada em Harvard, criou o Mapa educação e é cofundadora do Movimento Acredito
*Publicado na Folha de S.Paulo
Agenda de Leis? Deputada de primeiro mandato se acha a Agendeira:
Ser Honesto
SÓ Honesto
Praticar Honestidade
Como “já disse” Borges neste Blog:
http://www.zebeto.com.br/2019/06/30/jorge-luis-borges-o-anarquista-conservador/#.XRinuHlv80M
Sobre a forma de governo de preferência:
Eu gostaria de ter um governo mínimo, mas lamentavelmente os governos – até os maus governos – ainda são necessários. Como a polícia, que evidentemente é necessária. Se fôssemos eticamente perfeitos, os governos não seriam necessários.