Sobre se os jovens devem se interessar pela política:
Não sei. Eu nunca me interessei por política. Me interesso mais pela ética. Creio que se cada pessoa age de maneira ética, isso pode ter um efeito político muito grande.
Sobre a forma de governo de preferência:
Eu gostaria de ter um governo mínimo, mas lamentavelmente os governos – até os maus governos – ainda são necessários. Como a polícia, que evidentemente é necessária. Se fôssemos eticamente perfeitos, os governos não seriam necessários. Eles são um perigo, sem dúvida. Mas eu não posso opinar em matéria de política. Sou um anarquista conservador. Meu pai era anarquista. Uma vez fomos a Montevidéu e meu pai me disse para prestar atenção nas bandeiras, nos postos alfandegários, nos uniformes, nas igrejas, nas delegacias, porque tudo isso iria desaparecer. Nós, quando fomos à Europa em 1914, viajamos sem passaporte. Não existia passaporte. Você passava de um país a outro como de uma sala a outra. Em seguida veio a Primeira Guerra Mundial, a desconfiança, a espionagem, e agora tudo mudou, não se pode dar um passo sem se identificar. É muito triste. Espero que em Quilmes as coisas estejam melhores do que em Buenos Aires.
Escritor magistral e sábio.