11:39‘Pasquim’: 50 anos do tabloide que desafiou a moral, os bons costumes e a ditadura militar

Do Terra

Quando chegou às bancas, no dia 26 de junho de 1969, o tabloide Pasquim reivindicou para si um espaço único na imprensa brasileira. Com um time de craques, que incluía Millôr Fernandes, Ziraldo e Henfil, o semanário utilizava inteligência e deboche para fazer resistência à rigorosa censura imposta pelo regime militar, intensificada com o AI-5.

Pasquim ousava no conteúdo e na linguagem que ocupavam suas 32 páginas. Capas provocativas, coloquialismos e entrevistas curiosas faziam parte do pacote. “O nosso negócio era ser do contra. Contra a ditadura, contra as capas (não confundir com contracapas) e a linguagem solene dos jornalões no final dos anos 1960”, escreveu Jaguar na introdução de uma edição comemorativa lançada em 2009.

O tabloide chamou a atenção dos militares ao desafiar o conservadorismo. Na edição nº 22, a famosa entrevista com Leila Diniz, musa do prazer na década de 1960, foi publicada com asteriscos que substituíam os inúmeros palavrões que preenchiam suas falas. Foi quando a ditadura passou a acompanhar a publicação mais de perto – a partir do 39º número do Pasquim, a censura fazia seu trabalho diretamente na redação.

A perseguição tornou-se violenta em 1970, quando Ziraldo, Tarso, Francis, Cabral, Maciel, Fortuna, Jaguar, o fotógrafo Paulo Garcez e o funcionário Haroldo passaram dois meses presos (ou “gripados”, como noticiava o jornal, driblando o cerco). E, se algum texto conseguisse enganar o censor, a edição era confiscada na banca. Isso assustou anunciantes e prejudicou a circulação. A empresa passava, ainda, por dificuldades administrativas.

Reprodução de charge do Pasquim censurada
Reprodução de charge do Pasquim censurada

Foto: Divulgação / Estadão

 

Pasquim chegou 1.072 vezes às bancas, em 22 anos de existência. Em seu quadro, contou com nomes como Sérgio Cabral, Tarso de Castro, Claudius, Fortuna, Ivan Lessa, Paulo Francis, Luiz Carlos Maciel e Sérgio Augusto, colunista do Estado. Deixou um precioso legado: textos mais soltos na imprensa diária e um incentivo ao humor escrachado e inteligente.

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