por Fernando Muniz
A tempestade começa a amainar e a água da chuva corre até um bueiro, com varas de pescar espetadas. A luz de um poste ilumina o lugar; ao redor, escuridão.
O bueiro está entupido de lixo, mas a água consegue passar, sem problemas.
Tenho receio do que encontrarei se mexer no bueiro. Medo maior ainda é de, ao mexer ali, a água ficar empoçada. Ou corra mais rápido para a tubulação de esgoto e eu não consiga admirá-la.
Olho para o céu; a tempestade teima em engrossar de novo. Trovões ribombam, quase sobre a minha cabeça.
Apanho as varas e começo a espetar o lixo.