Eram dois. O baixinho mandava. O grande apontava uma faca enorme na direção da minha barriga. Assalto. Numa rua escura ao lado de um viaduto. Em hora de pânico, viro gelo. Sempre foi assim. Entreguei o celular, o relógio que veio de Miami. Pediram a aliança. Eles estava nervosos demais. Não imaginei ser furado. Eu dominava a cena. O baixinho, com a mão ao lado da cintura, como se ali tivesse uma arma, quis arrancar a joia que tinha um diamante negro. Estava difícil. Disse a ele que tiraria. Cuspi no dedo. Entreguei, assim como a carteira que estava no bolso de trás da calça. Os dois secos para trocar tudo pelas pedras na favela ali perto. Se eu estivesse com a Glock ali atrás, era só me afastar um pouco e queimar os dois. Entreguei a carteira. Revelei que tinha uma nota de cem escondida. Devolveram a carteira com os documentos. Agradeci. Pediram para eu “ir de boa”. Fui. Às vezes quando passo pelo local, rota do trabalho, penso no que faria se encontrasse a dupla de novo. Atropelaria? Aumento o som da música nessas horas. Nana Caymmi canta “No Analices”- e lhe dei razão.