por Célio Heitor Guimarães
Estava eu a meditar sobre o mundo em que vivemos. Indagava-me o que se pode esperar de uma época tão carente de fraternidade e solidariedade, em que o ser humano se esquece de sua humanidade, preocupa-se apenas com o próprio umbigo e não mais sofre o sofrimento alheio porque não é problema dele. Não encontrei resposta e senti uma profunda tristeza.
Nesse momento, como se as forças do universo houvessem conspirado a meu favor, encontrei, entre os meus guardados, uma historinha que me fora enviada, algum tempo atrás, pelo bom amigo Márcio Augusto Nóbrega Pereira.
Ela nos diz de um dono de loja, que acabara de botar o anúncio na vitrine – “Cachorrinhos à venda”, quando um menininho apareceu na porta e foi logo perguntando:
— Qual o preço dos cachorrinhos?
— Entre R$ 30 e R$ 50 – respondeu o comerciante.
O garoto colocou a mão no bolso e tirou umas moedas:
— Só tenho R$ 2,50. Mas posso vê-los?
O homem sorriu e assobiou. De trás da loja surgiu uma cachorra, seguida de cinco filhotes. Um deles mancava e foi ficando para trás.
O menininho imediatamente apontou para ele.
— O que aconteceu com este cachorrinho? – indagou.
O dono da loja explicou que, quando o pequeno cão nasceu, o veterinário disse-lhe que ele tinha uma perna defeituosa e que andaria mancando o resto da vida.
O garotinho emocionou-se e exclamou:
— Este é o cachorrinho que eu quero comprar!
Então, o homem respondeu-lhe:
— Não, você não vai comprar este cachorro. Se você realmente o quer, eu lhe dou ele de presente.
O menino não gostou da oferta. Muito sério, encarou o comerciante e disse-lhe:
— Eu não quero que o senhor me dê de presente. Ele vale tanto quanto os outros, e eu pagarei o preço. Vou lhe dar agora os R$ 2,50 que tenho e a cada mês lhe darei R$ 0,50, até que tenha feito o pagamento total.
O homem ainda insistiu:
— Você quer mesmo comprar este cachorrinho, filho? Veja bem: ele nem anda direito, nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos…
Aí o menininho agachou-se e levantou a perna da calça para mostrar a sua perna esquerda danificada, quase inutilizada, contornada por um grande aparato de metal. Em seguida, olhou novamente para o lojista e disse a ele:
— Bem, eu também não posso correr muito bem, e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.
O bom homem sentiu um nó na garganta e muita vergonha. Mas logo abriu um largo sorriso e respondeu ao menininho:
— Espero, sinceramente, que cada um desses outros cachorrinhos tenha um dono como você.
Um dia ainda teremos no comando do país alguém que, além de não roubar o dinheiro público, não arme a população, não incentive a violência, não retire recursos da educação, não se submeta a desequilibrados mentais, a seitas religiosas e ideológicas, à homofobia, aos donos do mercado e aos espertalhões de sempre. Alguém decente, firme e competente, que saiba compreender e conviver com as nossas imperfeições e deficiências.
Pois é,eu gostaria de não ter sensibilidade,gostaria de ter coração duro,de ter coragem de degolar um carneiro,de esmagar um formiga,e pensar que um dia eu vou para um recanto ladeado de cachoeiras e rios piscosos.
A vida parece que nos prepara para a morte,até por que quem pensa sofre,quem é curioso se decepciona.
Somos anjos quado crianças e nos tornamos demônios quando crescemos,essa é a lei da natureza,com uma peculiaridade,onde existem poucos homens santos.
A historinha é maravilhosa, mas não esqueçamos que o país foi roubado e delapidado pela Orcrim petista e cia, e eles estão fazendo de tudo para voltar à rapina; temos que ser justos – essa gentalha bandida não pode prevalecer contra quem se dispôs a tirar o país do atoleiro a que foi levado.
Texto genial, escrito com muita sensibilidade. Apenas isso. Não vou me reportar a colocação político no seu final. Muito bom.