A batatinha quando nasce. Recebeu como poesia que sempre conheceu – e que tomou conhecimento em 1946, quando era criança e a guerra tinha acabado. Nunca entendeu o se esparrama pelo chão – e confundia tudo, pois viu algumas cenas na tela do cinema e no solo daquele outro mundo estavam os soldados mortos. Tossiu, sentiu falta de ar, lembrou do cigarro que fumou durante anos – e leu de novo o verso, que veio adaptado e com seu nome, como um bilhete para agradar, ele que precisava mesmo por a mão no coração e agradecer por estar vivo. Sorriu na solidão da sala imensa, de móveis pesados, herança dos avós paternos. Brotou uma lágrima e ele não soube se ela era de felicidade ou tristeza. Ela caiu – e vieram outras. A tábua larga e bem encerada do piso as acolheu. Não se esparramaram, apenas ficaram ali secando, iluminadas pela luz do dia que entrava pelos vidros do janelão. Batatinha, ele então disse. Logo depois fechou os olhos e dormiu para sempre, com o coração em paz.