Saltou do ônibus e a tarde já caíra para dar lugar às estrelas. Era uma noite comum, exceto pelo fato de ter dito adeus em mais uma dolorosa partida em sua vida. Olhou para cima. E lá estavam suas estrelas-guias alinhadas a seu olhar. Antes, ouvira Samuel Barber. Pensou nas guerras, na fome, no sofrimento. Firmou os pés e não sucumbiu ao que a fez perder o próprio chão. Viu anjos. Voltou ao lar, mas com o mar em seus pensamentos. Despedaçada, caminhou lentamente. Em busca de respostas, atenta aos sinais – e mais forte a cada crepúsculo. A alma, agora em suspenso, se assentou no fundo da dor. Libertou o pássaro sombrio da tirania e a fez ouvir o silêncio atmosférico de um lugar onde o espaço cede lugar ao inominável. Estava em paz, mesmo que a guerra contornasse os vazios das ausências. Simbologias, arquétipos, cosmovisões, mistérios, intuições, epifania. Desfez-se do medo da morte por aceitar a realidade em sua mais ambígua manifestação. O que é e não é. Veio de lá. Ali onde o inteligível é fonte de absorção de luz. E a casa dela não é mais o mundo. É o batimento cardíaco em ressonância com o amor boreal e periférico de um anjo que curou suas asas na queda de um abismo.