por Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário
Dava uma carona para o sogro, na frente o caminhão a bloquear a passagem, no pára-choque do caminhão a frase: “Amo as velhas como as moças”. Caprichei nas variações sobre a frase, do duplo sentido, da malícia do caminhoneiro.
O velhote, cansado do dia no hospital, cirurgias e consultas de hemorroidas, sorria, bonachão, o homem doce de sempre. Fui me esbaldando, ele do mesmo jeito, o sorriso mal contido, alguma tirada eu pressentia, era o seu feitio.
Chegando em casa, agradeceu a carona e entregou o presente, o dicionário médico que acabara de publicar. Junto, o comentário lacônico: “Aquilo do pára-choque é a Zeugma”. Perdoem se escrevo em maiúscula, na hora pensei ser nome de mulher.
Daquele velhote sempre vinha piada. Na volta, corri ao Aurélio: zeugma é da gramática, figura de sintaxe, quando o verbo da oração principal vai oculto na subordinada: ‘amo as velhas como [amo] as moças’. Ele não tinha comido a Zeugma.