DeRogério Distéfano, no blogO Insulto Diário
Temos que admitir, ainda que sempre achando absurdo: Dilma era a mulher sapiens. Já seu sucessor não é, a toda evidência, sapiens. Não nos aventuramos a dizer que ele não é homo – de homem, não daquilo que ele freudianamente rejeita – porque seria compará-lo a outros primatas que são infinitamente mais inteligentes que ele. E me perdoem por usar dois advérbios e um adjetivo com o presidente: ‘infinitamente mais inteligentes’.
Refiro-me ao último tuíte do presidente, do vídeo do folião enfiando o dedo no ânus e de outro a urinar sobre os passantes de cima de um carro. Nem Donald Trump, o presidente paradigma de Bolsonaro, que excede os limites do decoro exigido de um presidente, chega a tanto. Nosso presidente sacou do episódio uma lição moral: daquilo que o brasileiro não deve fazer. Para ele foi conduta obscena.
Se foi falta de lembrança ou intenção cavilosa, fica a critério dos hermeneutas, mas o modo e o momento são sugestivos – atitudes do Carnaval, reprováveis na visão moral de Jair Bolsonaro. Raspar os salários dos funcionários do gabinete, como aconteceu no mandato do filho Flávio no Rio de Janeiro não é obsceno, nem imoral. Não se equipara a enfiar o dedo no ânus nem urinar nos outros.
Fica a dúvida: Fabrício Queiroz, o assessor do deputado Flávio Bolsonaro, ao descontar ‘contribuições’ do salários dos funcionários não fazia algo como enfiar o dedo nos ânus de cada um, mês a mês, anos a fio? Não urinava na dignidade deles, como o folião criticado por Bolsonaro pai? O presidente fixou domicílio no mundo da lua, que esse tipo de comentário parece revelar que ele não tem coisas sérias com que se ocupar.
O carnaval brasileiro, o carioca em especial, vem num crescendo de obscenidade. Tem nudez sempre mais explícita nos desfiles e sexo admitido, divulgado e praticado pelas celebridades nos camarotes. Mas é uma indústria, com patrocínios, divulgação pela televisão, marcas e dinheiro vertendo por todos os lados. O povo gosta, aplaude, vive vicariamente no lugar de quem faz tudo aquilo ou deleita-se no voyeurismo.
Mas daí à cruzada contra os costumes do carnaval, isso excede a função do presidente. É domínio da religião e da polícia dos costumes. Mais um tuíte e chegamos à inquisição de Ernesto Araújo, o torquemada do Itamaraty. Falta do que fazer, tolice com precedente estúpido: Jânio Quadros, outro maluco na presidência, proibiu biquínis nas praias. Num porre mais pesado renunciou à presidência. Bolsonaro bebe?
Se fosse o Aécio eu diria que cheira,mas o Bozo eu acho que ele fuma bosta de vaca,
Comentário de LOBO DO MAR
Escatológica não foi a mensagem emitida em pleno Carnaval pelo Capitão Gancho. Escatológico, sim, é o próprio autor, às voltas com os problemas do Bananão co-dirigido pelo tríduo filial patético, todos eles atentos à expulsão de um diplomata, pelo chanceler maior, incomodado por conta de um texto que cita o estadista Fernando Henrique; ou incomodados com eles/elas vestidos/vestidas de azul e rosa – e isso antes do desfile oficial carnavalesco no país. Cantemos, pois, em júbilo, perfilados, o hino, para que sejamos exibidos, em vídeo para toda a Nação, guiados pelo pensamento de quem, tupiniquim, trocou a selva pelo conforto das terras trumpianas. Enquanto milhões de brasileiros torcem por uma Previdência digna a ser discutida no Congresso, a imagem propagada pelo dignatário maior dos tupiniquins, via rede social,escancara a pobreza de ideias de um Mito. Ah, não merecemos!!