16:39Metrópoles

por Yuri Vasconcelos Silva

A cidade falhou. Lugar insensível que amontoa pessoas, umas sobre as outras, em torres de pedra fria com discursos na casca, só para vender. Não se enxerga mais o céu, apenas fiapos de azul ou um punhado de estrelas esmaecidas. O olhar não vai longe, sempre esbarra num absurdo construído, um muro ou miséria. Tanta gente junta e não há encontros. A praça abarca solitários em bancos ou em passos corridos. Todos estão sempre atrasados. Mas para o quê? Não se sabe o nome nem de meia dúzia de vizinhos, da moça que serve o almoço ou que abre a porta pro mundo passar. Todos se olham com desconfiança, segurando frouxo uma espécie de ódio latente que preserva a própria sobrevivência. A cidade idolatra o indivíduo. O ego. É o centro da publicidade e da política. Da ilusão e da mentira. Pretende-se um modelo da civilização, mas é um simulacro xucro. Para os seres, há mais dor que alívio dentro destas células pulsantes de pedra e energia. A cidade falhou. Quando será dado o próximo passo?

Uma ideia sobre “Metrópoles

  1. joao

    O isolamento não é por acaso, uma forma de auto defesa que ao mesmo tempo enfraquece e deixam todos vulneráveis a manipulação, não apenas um projeto de cidade, mas de sociedade dominada, assustada, inerte , manipulada, presa em seus medos. Quem dera tivéssemos uma química diferente, nos deixassem unidos. O sol, os muros, o céu seria bem diferente, menos triste.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.