Por Tostão
Quando o argentino terminar a carreira, certamente crescerá número de debates sobre o assunto
… Messi está cada dia melhor. Por causa do talento e da regularidade por um longo tempo, aumenta, progressivamente, o número de pessoas que o consideram o segundo melhor jogador da história. Pela primeira vez, vi, na TV brasileira, uma discussão sobre quem é melhor: Pelé ou Messi, o que era proibido.
Quando terminar a carreira, certamente, crescerá o número de debates sobre o assunto.
Tive o privilégio e o prazer de acompanhar toda a carreira de Pelé e de jogar a seu lado. Vejo Messi há 15 anos, quase toda semana. Independentemente dos títulos mundiais, das estatísticas individuais e coletivas, não tenho nenhuma dúvida de que Pelé é o melhor, tecnicamente mais completo.
Pelé tinha em alto nível todos os fundamentos técnicos de um grande atacante, além de muita força física. Por outro lado, tenho a impressão que Messi dá mais passes para gols.
Um argumento para valorizar ainda mais as atuações de Messi é que, hoje, as defesas se posicionam melhor e deixam menos espaços.
Nelson Rodrigues, com seus deliciosos exageros, dizia que a maior qualidade de Pelé era a imodéstia absoluta, por ter certeza que era muito melhor que os outros e que decidiria as partidas. Messi sabe também que é o melhor, porém é mais discreto. Algumas vezes, quando arranca com a bola, em condições de terminar a jogada com um gol, prefere dar o passe ao companheiro melhor colocado. Costuma não dar certo na seleção argentina, ainda mais se o passe for para Higuaín.
Pelé era muito ambicioso, como todos os grandes craques. Até hoje, fica incomodado, preocupado, quando comparam algum jogador a ele. Nem precisava. Ainda é um garoto-propaganda. Messi também quer ser o melhor, mas de outro jeito. Diz que, quando parar, vai morar em Rosário, sua cidade natal, onde quer ser um cidadão comum, envelhecer com discrição.
Pelé, nas dificuldades, se transfigurava, se agigantava. Ficava possesso, como uma fera enjaulada e provocada.
Antes de a bola chegar, me dizia, com o olhar, o que iria fazer. E fazia. Quando não dava para driblar ou enganar o adversário, usava o corpo para se desvencilhar do marcador, uma vantagem importante sobre Messi. Já o argentino, mesmo muito marcado, não se modifica, se mantém calmo, à espera do momento para decidir o jogo, que, às vezes, não acontece. Passa a impressão de passividade. Pelé era um touro genial. Messi é genial.