Apaguei a luz interna. Não enxergo mais nada, apesar de ver. Também ouço, sinto cheiro, tudo, enfim. Mas estou no labirinto e sem vontade de dar um passo para tentar sair. Morri pra mim. Para os outros não me interessa. Já me interessei muito, mas não adiantou, porque cada universo é diferente e as tentativas sempre terminaram de forma violenta. Foi assim que o tapa no ouvido que levei ainda ecoa. Estava num palco sem plateia e não sabia o que estava fazendo. Aliás, acho que nunca soube, mas enganava, enganava-me. Nunca fui sério o suficiente para fechar o semblante e usar calcinha vermelha rendada por baixo das calças de machista. Não lembro mais de quem era aquela mão feminina que obedeceu ao braço, ao cérebro – e deu a pancada. O zumbido. Foi aí que acordei no limbo. Agora penso que a caminhada foi inútil. Não só a minha. No auge de sua inteligência o homem vai descobrir que tudo que fez ao longo dos séculos foi inútil. Ele era perfeito e não sabia.
Somos tão importantes para o Universo,como as mariposas que nascem e morrem em torno de uma lampada,cada uma dela tem poucas horas de vida,todo seu desempenho ,sua vontade de viver se acaba para sempre e volta tudo como dantes,como se nada tivesse acontecido.