19:25ZÉ DA SILVA

O mergulho foi perfeito. Na fossa aberta dentro da prisão sórdida. Por que a cena de “Mimi o Metalúrgico” nunca saiu do registro mental? Ali, suicídio. Aqui eu penso também na força sobre-humana do personagem vivido por Giancarlo Giannini, obrigado a desempenhar dentro da sargentona alemã gigante – para fugir da morte certa. Viver é preciso. Seria esse mesmo o filme? Se não for, é, porque sei que a diretora Lina Lina Wertmüller jogou isso e muito mais nas telas do mundo. Agarrei estes pedaços para navegar num mar que é de pedras que cortam a alma até que ela, esfiapada, desapareça num bafo de calor infernal. Claro que não sou pessimista. É o dia, é a semana, é o mês, é o ano a me empurrar para a casca de banana enquanto ouço a picareta abrindo na terra o buraco para o encontro final – com os vermes. Não falei que era o dia? Que passa, como na música de Nelson Ned, o que se afundou no pó e morreu evangélico. Amanhã tem sol, alguém vai dizer uma coisa boa, vou tentar fazer embaixadinhas com uma bola, um acorde musical poderá me puxar e me empurrar para dentro do mar verde dos meus olhos. O mergulho… o mergulho…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.