8:36A semana dos candidatos

por Renato Terra

Alvaro Dias tatuou Sergio Moro na virilha. A tatuagem foi feita com Henna. Na terça, submeteu seu lívido rosto ao microagulhamento com o intuito de tonificar a pele, estimular a produção colágeno e livrar o Brasil da corrupção.

Ciro Gomes negou que tenha abusado do Photoshop para camuflar seu temperamento nos debates. Na terça, aceitou o convite para ser garoto propaganda do Rivotril. Em caminhada por Fortaleza, ensinou quinze posições de yoga para crianças carentes. No resto da semana, meditou, fez tricô e dedicou-se à comida macrobiótica.

Cabo Daciolo fez uma caminhada sobre as águas da Baía de Guanabara. Com seu cajado, abriu o mar e chegou a Niterói sem cruzar a ponte. Em seguida, seguiu descalço até Roraima para dar um esporro em cada venezuelano que cruzava a fronteira. Com 35.447 berros, resolveu a questão humanitária.

Fernando Haddad enviou um documento exigindo que a ONU se manifeste sobre áudios de Whatsapp com mais de um minuto, sobre o hábito de colocar feijão no pote de sorvete e sobre a música alta que seu vizinho coloca de madrugada. No final da semana, saiu em uma carreata de pedalinhos em Atibaia.

Geraldo Alckmin confundiu Ana Amélia com Katia Abreu, Alceu Valença com Moraes Moreira e Mico Preto com Paulo Preto. Fez corpo a corpo com membros da Opus Dei e, quando abria a boca para receber uma hóstia, Fernando Capez entrou na frente e surrupiou o pão consagrado.

Guilherme Boulos começou fonoaudiólogo para falar com língua presa.

Henrique Meirelles iniciou as gravações de sua propaganda eleitoral. Será um sitcom em que ele encarnará Tio Fester, Jucá interpretará Gomez Addams, Raquel Dodge se vestirá de Mortícia e Temer será a mãozinha.

Jair Bolsonaro desenhou na mão sua agenda desta semana: faltar aos debates na segunda; fingir de morto na terça; questionar a existência da ONU e depois esconder-se embaixo da cama na quarta; na quinta, ensinar às crianças o gesto de afogar a cabeça dos coleguinhas numa tina e, na sexta, pediu para o TSE submeter a ele todas as reportagens a seu respeito antes de serem publicadas. E depois se escondeu.

Marina Silva ficou animada com a repercussão de seu confronto com Bolsonaro no debate da Rede TV! e iniciou um crowdfunding visando a compra de um desfibrilador para usar antes do próximo embate na TV.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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