Nenhuma delas pediu para que eu pagasse um drink. Eu já estava drincado e trincado quando desci as escadas da mais famosa boate da Boca do Lixo. Minha escolta era formada por duas mulheres famosas da cidade. Uma, filha de bacana; a outra, repórter de jornal dos grandes. Eu, um vileiro com pretensões de sair do gueto da pobreza. Enquanto não acontecia… o palco ficou vazio, mas a música continuava. O três se olharam e não foi preciso nenhum convite para que subíssemos ao palco para o maior espetáculo presenciado por nós mesmos. A plateia continuou num universo paralelo. Ninguém tirou a roupa, nenhum segurança apareceu para escorraçar aquele trio entortado. Saímos no meio da madrugada fria, com o dever cumprido de ter deixado nossa marca ali, para sempre, porque anos depois a Metrô fechou.