Por Ivan Schmidt
Apesar da ausência e do peso zero, dizendo melhor, da indigência até esse momento, de lances cerebrais da campanha eleitoral com vistas à eleição do futuro governador do Paraná, os três candidatos preferenciais do ponto de vista da opinião pública – Ratinho Jr, Cida Borghetti e João Arruda – pouco ou nada deixaram transparecer sobre seus projetos de gestão.
Arruda se exclui pelo pouco tempo que está em campanha, mas continua bastante arriscado antecipar este ou aquele comentário sobre o que pretendem fazer os candidatos, na hipótese de eleitos para a principal cadeira do Palácio Iguaçu.
Com a formatação das coligações, depois de longo período de confabulações ou conchavos sobre quais os partidos deveriam ser integrados a um dos grupos afinal sacramentados, sabe-se que a atual governadora ficou com a maior parte do horário eleitoral gratuito, seguida por Ratinho Jr e João Arruda.
Hoje as coligações não se fazem mais, como em outros tempos, na base do prestígio político que as legendas seriam capazes de emprestar ao candidato majoritário, mas ao tempo que dispõem no horário eleitoral e verbas de campanha.
O candidato do MDB, sobrinho do senador Roberto Requião, foi o último dos candidatos a anunciar a pretensão, em grande medida motivado pela retirada da candidatura do senador Osmar Dias, na hora da onça beber água, aparentemente desarvorado pela pancada do apoio do presidenciável Álvaro Dias à campanha de Ratinho Jr.
Arruda, deputado federal com mais de um mandato e ascendente experiência na vida política, apareceu como elemento surpresa (para usar expressão relacionada ao futebol), ou seja, o jogador que usa a velocidade ou a visão de jogo para estar no lugar certo e marcar o gol. É desnecessário lembrar que essa é apenas uma figura de linguagem de comentaristas esportivos, e não afirmação de que o gol pode ser comemorado.
Todavia, caso se concretize a eleição do jovem deputado federal do MDB, a sociedade paranaense estará diante de uma de suas mais extraordinárias realizações no campo eleitoral dos últimos tempos.
O feito de João Arruda haveria de suplantar a enorme barreira herdada da erosão quase absoluta da hegemonia do antigo PMDB, numa operação que levou décadas e, na verdade, teve início da época em que o então governador Álvaro Dias deixou o partido e, na sequência imediata pelo método concentrador imposto por Roberto Requião, que jamais dissimulou o apreço pela ideologia bolivariana.
Distante do pensamento político do tio (Arruda é filho de uma irmã de Roberto), com raia própria dentro do partido, o deputado bateu-se bravamente por chapas lideradas por candidatos autênticos do MDB à presidência da República, Henrique Meirelles, e ele mesmo para o governo estadual.
“Chamem o Meirelles” é o slogan que marca a campanha nacional (mesmo com o índice de 1% do candidato presidencial), que esteve recentemente no Paraná trazido por João Arruda, numa demonstração de que ele ainda não perdeu a crença no potencial do partido.
Ratinho Jr também é jovem e já cumpriu mandatos de deputado estadual e federal, atuando por vários anos como secretário do Desenvolvimento Urbano do governo Beto Richa. Não foi outra a intenção do ex-governador senão colocar nas mãos do auxiliar direto uma pasta diretamente ligada aos interesses municipalistas, um amplo portal da atração dos prefeitos municipais à estrutura organizacional da máquina administrativa.
Facilidade que Ratinho soube aproveitar até o último dia em que permaneceu no governo, como secretário e também líder de numerosa bancada na Assembleia Legislativa e na condição de virtual candidato ao governo sustentado por invejáveis patamares.
Não apenas por sua simpatia pessoal, capacidade de liderança e visão aberta para o novo, mas por um descortino que já provou a que veio, a campanha de Ratinho Jr acabou atraindo nomes expressivos como Reinhold Stephanes, Borges da Silveira, Edson Campagnolo, Darci Piana, Oriovisto Guimarães e tantos outros.
Mais alguns dias e os principais candidatos começam a apres