Por Ivan Schmidt
Ainda é cedo, a meu juízo, para formar opinião definitiva sobre quem será eleito governador do Paraná em outubro próximo. Mas já se sabe que os três pré-candidatos com chances concretas de ir para o segundo turno são, pela ordem, Ratinho Jr, Osmar Dias e Cida Borghetti, a atual governadora que sonha em permanecer mais quatro anos no poder.
Pesquisa recente da Radar Inteligência, aliás, a última disponível sobre a intenção de voto dos paranaenses, coloca exatamente os pré-candidatos nessa ordem de preferência dos eleitores, muito embora advirta que inacreditáveis 83,5% do eleitorado ainda não saiba em quem vai votar.
Em primeiro lugar, o fato corrobora a convicção de muita gente sobre a falta de interesse popular em relação à próxima eleição, algo que não pode ser atribuído à Copa do Mundo, que por sua vez pouca atenção tem despertado na massa. Afinal essa se depara com coisas muito mais importantes em que meditar como o salário cada vez mais curto no fim do mês, o desemprego, os boletos do aluguel, água, luz e a despesa no supermercado, entre outras.
E esse panorama também foi exposto na pesquisa citada, com a revelação de que a maioria absoluta dos entrevistados revelou não ter, ainda, escolhido o candidato que terá seu voto.
Isto quer dizer também que os três primeiros colocados podem vir a ocupar posições diferentes na corrida de obstáculos que é a campanha eleitoral, tanto para cima quanto para baixo, em se tratando da instável preferência do povão. Os demais postulantes, ou seja, os que estão demasiadamente distanciados dos três primeiros, dificilmente terão condições para se aproximar.
A falta de informações do eleitor quanto â eleição para o governo do Estado é tanta que o senador Álvaro Dias (Podemos), apesar de ser pré-candidato juramentado à presidência da República, teve o nome incluído na lista dos que disputam o Palácio Iguaçu. São aqueles que pensam que na última hora, o ex-governador desistirá no Planalto pleiteando mais uma vez o governo do Estado.
É possível que os estrategistas políticos a serviço dos três nomes com maior evidência, estejam a partir de agora cogitando nas providências mais eficazes para manter inalterada a supremacia na corrida, caso de Ratinho Jr, ou aumentar a cadência das passadas para suplantar o oponente, alternativas de Osmar e Cida Borghetti.
Longe dos dois primeiros segundo a pesquisa Radar Inteligência, poucos benefícios a governadora conseguiu auferir do alentado esforço eleitoreiro materializado pela torrente de recursos distribuídos aos municípios, em seu roteiro cada vez mais intenso de deslocamentos para o interior do Estado.
Nesse aspecto, o pré-candidato com reconhecido potencial de crescimento é o ex-senador Osmar Dias (PDT), que apesar da exiguidade de sua aliança partidária (até agora só o Podemos), tem excelente trânsito no âmbito do agronegócio, do sistema cooperativista e dos sindicatos ruralistas, tripé que poderá ser decisivo na arrancada final que deve acontecer depois do início propriamente dito das campanhas.
Um dado a ser cuidadosamente levado em conta nessa equação será o comportamento do PSDB, MDB e DEM quanto ao apoio à candidatura majoritária. Desses, parece não haver contestação da parte do MDB na opção pela candidatura de Osmar, decisão já patrocinada pelo senador Roberto Requião, que leva o partido para onde quer.
Pela relação umbilical com o governo, o tucanato estadual não teria argumentos suficientes para alterar o status da aliança cordial com a governadora, que jamais demonstrou qualquer animosidade com o governador Beto Richa ao ocupar a posição de substituta imediata.
Contudo, como na política o inesperado pode ocorrer a qualquer momento o relacionamento entre a atual governadora e o que renunciou para ser candidato ao Senado entrou numa zona cinzenta, da qual Osmar poderá se beneficiar aproximando-se do partido no qual já militou.
O problema é colocar o guizo no pescoço do gato.