18:18ZÉ DA SILVA

Os urubus atrás da carniça. Desesperados, passando por cima de qualquer coisa, canetas, microfones, câmeras em riste. O orangotango no fundo do buraco se masturbando. Nos livros que me fizeram comprar não tinha nada dessas comparações. Li depois porque Tom Wolfe e Hunter Thompson escreveram para dar uma noção do que é a raça a que pertenceram. Meu diploma de conclusão do curso não pendurei na parede. Está numa pasta, como um tesouro. Quarto ano primário, média 9,2, um luxo. O outro, a do jornalismo comparado, não tenho porque descobri no primeiro ano qual era o tipo de enganação. Levei tudo na flauta e devo matérias até hoje. Fui atrás de muita carniça. Me masturbei babando ao conseguir o tal furo. Pra que tudo isso? Para o entorpecimento, para sujar a alma, para tentar se livrar das tentações do mais escroto dos demônios, para passar o tempo. Agora, é preciso queimar tudo o que foi feito, mas sair correndo de perto – para não ser consumido por mais lembranças.

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