Apostei corrida com uma Ferrari Dino às três da madruga. Tinha feito uma via sacra que começou na Toca da Onça. O expediente terminou no Saul, mas antes bati ponto no Hermes e no Kapelle, além de dar uma passada rápida no Valdo. Jesus não era mais Genésio. Demorei um tempo para achar o “Bala”, Corcel 77 cupê, branco. Já estava na fase dos apagamentos. Mas até o momento EM que desci a avenida furando transversais perigosas, sabia que estava indo para casa. Foi aí que o bólido passou ao meu lado. Pisei. Paixão antiga a Dino. Gosto até da amarela, mas aquela era tradicional, vermelha. Emparelhei porque o piloto tinha aliviado o acelerador. Estávamos a 100 km/h. Olhei e vi Lorenzo Bandini. A Ferrari, então, sumiu. Fui fazer o sinal da cruz e a roda esquerda dianteira do carro caiu. Fagulhas iluminaram o asfalto. Consegui encostar ao lado de um quartel. Saí do carro. Não levei tiro. Seria impossível trocar colocar outro pneu. Deixei o carro lá. Entrei num táxi. No trajeto para casa, quase sóbrio pelo susto, fui lembrando da visão do grande piloto italiano que morreu num GP de Mônaco. Ele veio dar o recado, pensei – mas só parei de beber alguns anos depois de destruir o Bala num poste.