Lula vai para uma cela em Curitiba ou seus advogados vão conseguir prisão domiciliar? Isso tem tanta importância para o hospício chamado Brasil quanto os pés de uma cama durante o ato sexual de um casal. O ex-presidente ainda é pré-candidato ao terceiro mandato e, quando baterem mais um prego confirmando que é inelegível, de onde estiver vai apontar o candidato que escolheu. Não vai poder deitar falação na campanha – e aí seus porta-vozes, principalmente Gleisi Hoffmann, vão ter de provar que sabem passar o recado, o que até agora não se confirmou, pois ela mais parece uma versão feminina de Roberto Requião, com seu destempero, do que o líder que a escolheu para comandar o PT. Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, deverá ser o ungido. Lula elegeu Dilma Rousseff para sucessão porque, além do poder que inegavelmente tem, estava nele, no comando do país. Se fizer o sucessor deste desastre chamado Michel Temer, que foi seu aliado no passado bem recente e aproveitou a lambança do segundo governo da “presidenta” para chegar onde nunca imaginou que chegaria, vai confirmar a divindade que ele acredita ter. A exploração do mote da perseguição política, do complô feito em conluio com os Estados Unidos, tudo vai entrar no enredo amalucado que o país vive. A prisão, uma anunciada greve de fome do protagonista, tudo isso vai esquentar a disputa que vem por aí. Se o “exército vermelho” do MST e dos sindicalistas que sempre estiveram ao lado de Lula não partirem para o quebra-quebra, que pode fazer as Forças Armadas colocarem o porrete à mostra, como se fez entender o comandante do Exército na véspera do julgamento de ontem no STF, não se pode duvidar que o candidato do principal partido oposicionista tenha condições de herdar os votos do guru. Com a saída de Lula do páreo, nunca é demais lembrar, as chances de Jair Bolsonaro, o radical do outro lado, crescem muito, mesmo porque a indigência geral dos candidatos que se apresentaram até agora deixa o eleitor mais ou menos antenado sem saber em que números vai apertar na urna eletrônica em outubro. Mas quem elege mesmo não é este segmento. E até agora a maioria da ninguenzada mostrou, pelas pesquisas, que Lula é o que lhes faz a cabeça. Resta saber se ele, limado da disputa, e sem poder usar sua reconhecida capacidade de convencimento, vai poder transferir isso para o escolhido, se for o caso.
O problema de base é a indigência geral dos eletores