9:45Sete sugestões de cursos para as universidades do golpe

Como a Universidade Estadual de Maringá deverá ministrar oferecer o curso sobre “O Golpe de 2016”, seguem as sugestões do colunista Leandro Narloch, da FSP, para ampliar o leque aberto pela Universidade Federal de Brasília. A saber:

Pós-lógica 1; Pós-lógica 2: o Método Minion para Discussões Políticas; A Lava Jato sob a ótica metafísica;  Matemática Social aplicada à Previdência;  Tópicos especiais de nutrição: a dieta socialista; Escola Zimbabuana de Política Monetária;  Socialismo intergaláctico.

Seguem as explicações:

Disciplinas que os professores poderiam oferecer para desmoralizar a universidade pública

Depois da UnB, diversas outras instituições anunciaram cursos sobre o “golpe de 2016”. Se o motivo é desmoralizar a universidade pública, há muitas outras disciplinas que os professores poderiam oferecer. Eis algumas sugestões:

Pós-lógica 1

Partindo da premissa de que argumentos são apenas construções mentais que contribuem para a manutenção do status quo, o curso abordará estratégias de combate a narrativas racionais-patriarcais. Tomaremos como texto-base o livro “Da lógica paraconsistente à lógica delinquente”, do sociólogo Zé Barba (que infelizmente encontra-se privado de sua liberdade por ter sido acusado de desviar verbas do DCE para a compra de catuaba).

 

Pós-lógica 2: o Método Minion para Discussões Políticas

O curso tornará o aluno capaz de vencer discussões sem precisar recorrer ao costume elitista da argumentação. Será dado destaque ao Método Minion de Discussões Políticas, que consiste na seguinte estratégia. Ao debater com golpistas ou neoliberais, o estudante começará a pronunciar nervosamente frases sem nexo: “Sa la ka!” “Tatata bala tu!”, como fazem as criaturas conhecidas por “minions” no cinema estadunidense. O golpista ficará assustado com tal comportamento e desistirá do debate. Paka ô!

A Lava Jato sob a ótica metafísica

Desde a filosofia clássica se questiona a validade da distinção entre o “concreto”, que designaria as “coisas” percebidas sensorialmente, e o “abstrato”, termo aplicado a conceitos e formas gerais. Analisaremos essa distinção tomando como base certas representações da realidade divulgadas pela mídia. Observaremos que, assim como a ideia do ser enquanto ente cria um sem-número de implicações ontológicas, muito menos certeira é a existência de um tríplex no Guarujá, do sítio em Atibaia ou mesmo do juiz Sérgio Moro.

Matemática Social aplicada à Previdência

Economistas têm usado cálculos matemáticos para perpetuar desigualdades e afirmar que o país entrará numa crise fiscal semelhante à da Grécia se não reformar a Previdência. Evidenciaremos nesta disciplina que com alguma criatividade aritmética o déficit da Previdência se revela falacioso. Palestras especiais de Arno Augustin e Ciro Gomes.

Tópicos especiais de nutrição: a dieta socialista

Enquanto os países entregues ao capitalismo sofrem epidemias de obesidade, Cuba, Venezuela e Coreia do Norte exibem cidadãos com corpos magros e esguios. A disciplina abordará o cerco ao lucro e à propriedade privada como importantes contribuições ao combate à síndrome metabólica.

Escola Zimbabuana de Política Monetária

O mainstream neoliberal apregoa o austericídio como única saída à crise fiscal. Contrária a esse pensamento, destaca-se a Escola de Macroeconomia do Zimbábue. Essa nação africana dá exemplo ao aliar liberdade, democracia e crescimento econômico graças a uma consistente inflação que já chegou a 230.000.000%.

Socialismo intergaláctico

O posadismo  J. Posadas, pseudônimo do argentino Homero Cristalli, concluiu nos anos 1960 que não era preciso temer invasões alienígenas. Se ETs chegassem à Terra, é porque seriam mais avançados que os humanos —e, portanto, seriam comunistas. Depois das aulas teóricas, o curso se encerrará com uma saída a campo. Em São Tomé das Letras, professor e alunos tentarão contato com alguma Comunidade Socialista do Espaço Sideral (CSES). Sem querer adiantar a surpresa, este contato já foi realizado nos últimos quatro cursos já ministrados —e, bicho, foi a maior viagem.

Leandro Narloch

Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

6 ideias sobre “Sete sugestões de cursos para as universidades do golpe

  1. Oráculo

    Ahahahahah! Agora vamos aguardar as manifestações hilárias xiitas dos abduzidos SS e Toledo – o casal da esquerda tupiniquim !!!!

  2. Parreiras Rodrigues

    Grande Narloch, para cuja ascensão financeira contribui, com gosto, comprando dois exemplares do seu livro. Um para presente.
    Mas, e a propósito, quando pensava que a UnB e outras congêneres, iriam rever a cagada que fizeram com a outorga de título doutor honoris causae para Lula, elas quebram a cara do povo com esse curso do golpe.
    Neto meu não se matricula nessas merdas.

  3. Rui Claudio Souza

    Achei que era babaquice, mas olhem as ementas e a carga horária do curso:

    http://www.noticias.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22491:disciplina-do-pph-aborda-conservadorismos-e-golpes-a-democracia&catid=986&Itemid=101

    2º encontro

    Tema: Ruptura democrática e participação política no Brasil

    Data: 2 de maio

    Ministrante: Profa. Dra. Carla C. Rodrigues Almeida (PGC/UEM)

    4º encontro

    Tema: O Impeachment de 2016 e a tradição de golpismos e rupturas institucionais da história republicana brasileira: o tempo presente em perspectiva de média e de longa duração

    Data: 16 de maio

    Ministrante: Prof. Dr. Reginaldo Dias (PPH/UEM)

  4. Sergio Silvestre

    Notei sim ontem como é a obesidade num Pais onde juiz ganha cem vezes mais que um trabalhador,tinha um dos cincos que parecia aquele personagem de “guerra nas estrelas” só faltou ele dar um bote e engolir o tal Fisher que estava sentado ao lado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.