Foi embora hoje, de madrugada. No passado distante era nessa parte do dia que trafegávamos por Curitiba. Parando só para o reabastecimento. Jorge Eduardo Mosquera compleva o trio que, mais tarde, batizei pra mim mesmo de “Entorta Rua”. Fotógrafo que perdeu o emprego na sucursal do Jornal do Brasil em Curitiba ao registrar uma imagem do Paulo Maluf dentro de uma gaiola. O sinônimo de ladrão só agora foi preso pra sempre – esperamos. O Garninzé, apelido do baixinho, partiu e, para quem o acompanhou nos últimos anos, descansou. Os que sobraram do trio fazem parte do time dos sobreviventes. Aqui não haverá relato das nossas aventuras malucas. Trabalhamos juntos em algumas reportagens da Placar e do Estadão. Ele era um anjo de pessoa. Se transformava – e dava trabalho, quando entrava no outro universo onde cada um revela seu próprio demônio. Uma das melhores dele eu guardei e divulgo: “Você precisa me ver pelado, só de meia preta e pulando na cama”. Nos últimos tempos não andava mais. De vez em quando nos falávamos ao telefone. Às vezes ele chorava. Eu fazia o mesmo do outro lado da linha. Pela situação do meu amigo, porque entendia quase tudo que se passava naquela alma. Amém.
Fomos colegas de trabalho na redação d’O Estado do Paraná, e anos mais tarde o Garnizé passou um tempo na Coordenadoria de Comunicação do governo estadual, quando fui coordenador, no primeiro mandato do Requião. Viajamos juntos algumas vezes e numa delas o Carlinhos chegou de madrugada no hotel, em Guarapuava, e quis bagunçar o coreto importunando o motorista… pedi que se acalmasse e fosse dormir e ele atendeu na boa… ao contrário da fama de brigão.
Estávamos fazendo uma matéria especial sobre a Ferroeste, para a qual entrevistamos o Mathias Leh, presidente da Cooperativa Entre Rios, além de outros…
O Mathias usava óculos de grau altíssimo e não houve dúvida quanto ao apelido que só nós ficamos sabendo: “Garrafa”.
Foi excelente profissional e um grande colega. A foto que lhe rendeu a demissão do JB foi tirada na véspera da abertura de um feira no parque Barigui, se não me falha a memória sobre artesanato regional, no stand do governo de S. Paulo. O JB publicou a foto e depois demitiu o profissional que a fizera…
É legal conhecer o meu pai através das histórias dos outros que o conheciam… obrigada.
Uma bela figura o Carlinjhos Garnizé. Filho do velho Silvestre, também fotógrafo, com quem trabalhei em O Estado do Paraná. Tempos do Portão (Dilson Bettes), do Osvaldo e do Edson Jansen, do Flávio Ogassawara, todos magos da objetiva, entre tantos outros. Que Deus o tenha no melhor lugar.