Do jornal Valor Econômico, em reportagem de Thais Carrança
Com aceleração generalizada, Paraná reúne o ‘melhor dos mundos’ no Sul
O Paraná é um exemplo do surpreendente desempenho da região Sul no processo de saída da recessão. O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) projetava crescimento de 1,6% para o PIB do Estado em 2017, agora revisado para 2%.
“Temos uma combinação importante: serviços e comércio crescendo razoavelmente, agropecuária num ano muito bom, indústria de transformação dando resposta”, cita Julio Takeshi Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes. “Neste ano, definitivamente decretamos o final da crise aqui no Estado do Paraná.”
Segundo Suzuki Júnior, a produção de grãos no Paraná cresceu neste ano quase 15%. O impacto no PIB do Estado é direto, uma vez que o setor primário responde por 10% do produto. Os efeitos da safra recorde também chegam à indústria.
No acumulado até agosto de 2017, o avanço da indústria de transformação paranaense foi de 4,6%, o maior do país. O desempenho foi puxado pelos setores de máquinas e equipamentos – voltados para o agronegócio – e automotivo, com crescimentos de 61,5% e 13,5%, respectivamente.
Outro destaque na atividade do é o setor de serviços, com avanço de 4,2% no ano. Paraná e Mato Grosso (5,6%) foram os únicos Estados a terem resultado positivo no período, enquanto o país acumula queda de 3,8% na Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. Segundo Suzuki Júnior, “isso é resultado da recuperação da demanda doméstica”, já que os serviços “não têm a opção da exportação”. A demanda no Paraná é impulsionada pela redução da taxa de desemprego – de 10,3% para 8,9% entre o primeiro e o segundo trimestres do ano – e geração de vagas com carteira assinada – saldo positivo de 25,3 mil vagas até agosto.
Também reflexo dessa melhora da demanda, o varejo paranaense avança 3,2% no ano, ante 0,7% no Brasil como um todo. Para completar o quadro, as exportações também crescem com força no ano, com destaque para o setor automotivo (alta de 76% até setembro), devido à retomada da demanda argentina.
Mesmo com a recuperação, André Pitoli, sócio da Tendências Consultoria, acha que, assim como o Nordeste, o Sul tem o desafio de buscar novas vocações econômicas.
“No caso da região Sul, as especializações econômicas que estimularam o crescimento durante décadas estão indo para outras regiões”, afirma o economista. É o caso da fronteira agrícola, que avançou rumo ao Centro-Oeste, e das indústrias química e de papel e celulose, cujos investimentos migraram para novas regiões.
Outros setores tradicionais na região Sul, o têxtil e o calçadista têm perdido competitividade no mercado internacional