A Operação Quadro Negro, da roubalheira nas obras escolares do Paraná, prende o engenheiro Maurício Fanini, logo apelidado de longa manus, mão comprida, de Beto Richa. Nunca estreitei a mão de Fanini ou a de Richa. Não nego que assinei papéis oficiais com Richa, mas ele lá, eu cá e um alto funcionário de permeio.

Seria eu uma longa manus de Beto Richa, assim tipo Fanini? Não, dele não, sim de sua figura pública. Sou longa manus do governador, não de Beto. Explico: sou devoto da concepção medieval da dupla personalidade do rei, a de majestade e a de homem. Essa foi uma perda que considero lamentável com o fim da Idade Média.

Beto Richa tem essa coisa de majestade. Não que a queira, mas porque a querem amigos e parentes, próximos e distantes. Pela teoria medieval, situo o homem Beto como ele sua circunstância. O governador Richa é ele mais a minha circunstância – e dos demais que com ele assinam documentos límpidos e probos.

Se Fanini é a longa manus de Beto Richa – o que só admito sob robusta e insofismável prova em contrário – deixo positivado que os que assinam documentos probos e limpos com o governador também são longa manus. Do bem, para diferençar dos malus longa manus. Porque vira-lata perdido em alcateia pode passar por lobo.

Renovo a ressalva: se – só não grafo em letras capitais porque as leituras me privaram dos tiques de rábula -, se Beto Richa confunde suas mãos com as de governador é assunto dele, que não sabe onde põe as mãos, a esquerda ignara do que faz a direita e vice e versa. Ou tem cacoetes de polvo, emaranhado de mãos.

Assino esta declaração para que não paire suspeita de parceria ou conluio entre nós, bonus longa manus, e os malus longa manus – os Ezequias Moreira, Luiz Abi Antoun, o piloto fazendário de Londrina e Maurício Fanini. Nós somos as boas companhias do governador. Estes outros, as más companhias de Beto. (Rogério Distéfano)