Do Analista dos Planaltos
O livro de Gabriel Garcia Marques, que tem como tema um ancião desgastado e apegado ao poder, bem serviria para retratar o embate pelo PMDB do Paraná. É ali que Roberto Requião busca desesperadamente se eternizar no comando do partido que exerce com mão de ferro. Parece ser o seu último bastião.
Entretanto, tudo indica que a queda definitiva se aproxima com o anúncio da Convenção Extraordinária e da Reunião da Executiva Nacional em Brasília. É muito provável que haja intervenção no partido no Paraná e a extinção da Fundação Ulysses Guimarães comandada pelo filho do patriarca, o deputado Mauricio – e isso já estaria decidido pelos caciques nacionais.
Se acontecer, como vem antecipando o próprio Requião Sênior em seus tuitaços, ele e o filho Requião Baby perderão as verbas polpudas e o dois fundos – o partidário e o fundacional que abastecem suas campanhas . Perdem também os empregos dos aspones e apaniguados no casarão da Vicente Machado e a joia da coroa, o precioso espaço da propaganda no rádio e na tv que no ano que vem deve ser substituído por recursos financeiros.
O pior para o vetusto senador é não contar atualmente com apoio de nenhuma das alas influentes do partido, ao contrário: todos os próceres querem a destituição dele do comando partidário. Os motivos são conhecidos e decorrem da prática do nepotismo, do autoritarismo, do fisiologismo e da postura ditatorial com ofensas a todos que ousam divergir. O descontentamento chega a tal ponto que o próprio sobrinho, o deputado federal João Arruda já rompeu com o primo Requião baby e aspira a presidência do PMDB no lugar do tio.
João não está sozinho. Orlando Pessuti, que foi vice-governador de Requião em dois mandatos e depois rompeu por não tolerar mais o comportamento desrespeitoso, também é candidato a presidente do partido. Na bancada federal o deputado Sérgio Souza disputa o ambicionado cargo e tem apoios expressivos. O isolamento de Requião na Assembleia Legislativa do Paraná atinge até mesmo os deputados estaduais de seu partido remanescentes da diáspora havida: como é do conhecimento público, houve a migração de metade da bancada para o PSB .
Os parlamentares peemedebistas já estiveram na sede nacional do PMDB se apresentando como solução menos traumática para a substituição de Requião, o que naturalmente faria com que as polpudas verbas mudassem de uma única mão para as deles.
Os sinais de que os tempos da dinastia Requião no PMDB estão acabando são fortes.
E o senador já posa de vítima e enquanto luta por sua permanência no velho de guerra. Ele já namora outros partidos. No PT ele sonha substituir Lula como candidato a Presidente ou mesmo ao Governo ou Senado. Também pensa em qualquer outro que seja viável como legenda eleitoral.
Um olho no peixe e outro no gato, mas o pirão do patriarca sempre em primeiro lugar.