18:51ZÉ DA SILVA

Toda vez que tomo água com gás, gelo e uma rodela de limão, lembro de Marina Colassanti, a escritora. É que a bebida saudável me leva a outra: gim tônica. E na beira de uma piscina de um hotel em Cuiabá, tomei dez. A desculpa era o calor infernal naquela cidade que é porta de entrada para a amazônia. Foi lá pelo oitavo drink, que fazia o garçom me olhar com cara de quem achava aquilo inacreditável, que reparei a água azul e lá estava ela, a escritora e suas sardas, sozinha e flutuando feito uma deusa que só enxergamos no porre. O delírio se apossou. Me achei Affonso Romano de Sant’Ana, o maridão – e sonhei com um final de tarde único e inesquecível. Foi então que me chamaram da portaria. Tropecei numa cadeira. Ela olhou e balançou a cabeça negativamente. Foi o fim de um romance tórrido.

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