A desembargadora federal Salise Monteiro Sanchonete, do TRF4, de Porto Alegre, determinou a prisão imediata dos integrantes da quadrilha denunciada em 2010 por fraudar recursos públicos através de um esquema que, em Londrina, utilizava o Centro Integrado e Apoio Profissional (CIAP) identificando recursos públicos disponíveis para firmar parceria ou convênios, com prévia atuação de lobistas para direcionar os recursos para a entidade. Segundo revelou o porta Bonde (ler abaixo), “os planos de trabalho das parcerias firmadas eram elaborados com vícios, sem o detalhamento de despesas a serem incorridas no projeto, o que dificultava, posteriormente, a verificação da efetiva aplicação dos recursos públicos recebidos. A quadrilha atuava em outras cidades do país. Segundo a investigação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União, eles desviaram mais de R$ 28 milhões.
Veja como ficaram as condenações:
Dinocarme Aparecido Lima: condenado por peculato e lavagem de dinheiro a 12 anos de reclusão, em regime inicial fechado;
Elzira Vergínia Mariani Guides Martins: condenada por peculato e lavagem de dinheiro a 12 anos de reclusão, em regime inicial fechado;
Vergínia Aparecida Mariani: condenada por peculato e lavagem de dinheiro a 11 anos, 4 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial fechado;
José Ancioto Neto: condenado por lavagem de dinheiro a 5 anos e 9 meses de detenção, em regime semi-aberto;
Antônio José Viana Neto: condenado por lavagem de dinheiro a 9 anos, 9 meses e 15 dias de reclusão em regime semi-aberto;
Sérgio Ricardo de Lima: condenado por peculato a 6 anos e 3 meses de reclusão em regime semi-aberto;
José Roberto de Lima: condenado por peculato a 4 anos de reclusão em regime aberto. Teve a pena substituída por prestação pecuniária e prestação de serviços à comunidade;
Alexandra Laitano: condenada por peculato a 4 anos e 2 meses de reclusão em regime semi-aberto.=> Fonte: TRF4
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Do Portal Bonde, publicado em 17/06/ 2010
Revelados nomes e valores do escândalo CIAP
Ministério Público Federal denunciou 21 envolvidos em desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, além de apontar empresas e órgãos públicos
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 21 pessoas envolvidas no esquema de desvios de recursos públicos através do Centro Integrado e Apoio Profissional (CIAP). Representantes e dirigentes da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) foram denunciados pela prática de crimes de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. A ação penal é resultado das investigações na chamada “Operação Parceria”, realizada em conjunto pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal.
De acordo com o MPF, os dirigentes e funcionários do CIAP constituíram uma organização criminosa, estruturada no Paraná, e com atuação em todo o país, voltada ao desvio de recursos públicos (parte de origem federal) e lavagem de dinheiro.
Dentre os denunciados estão Dinomarme Aparecido Lima (chefe da organização); sua mulher Vergínia Aparecida Mariani; sua enteada Elzira Vergínia Mariani Guides Martins; seus filhos José Roberto de Lima e Sergio Ricardo de Lima; e seu genro Alexandre Pontes Martins – todos ocupando cargos de administração na OSCIP e/ou nas empresas do grupo utilizadas no esquema criminoso.
Também foram denunciados José Ancioto Neto e Fernando José Mesquita – responsáveis pelas áreas de contabilidade e assessoramento jurídico da organização, respectivamente – e Said Yusuf Abu Lawi, funcionário da OSCIP que tratava da administração geral dos negócios relacionados às parcerias e convênios.
Ainda foram alvo da denúncia lobistas, outros funcionários do CIAP e controladores de empresas envolvidas no esquema de lavagem de ativos (veja lista completa abaixo). Parte dos denunciados está presa preventivamente, dentre eles Dinocarme Lima e José Ancioto Neto.
Como agiam
O modo de operação da organização criminosa consistia na identificação de recursos públicos disponíveis para celebração de termos de parceria ou convênios, com prévia atuação de lobistas pertencentes ao grupo para direcionar os recursos para o CIAP. Os planos de trabalho das parcerias firmadas eram elaborados com vícios, sem o detalhamento de despesas a serem incorridas no projeto, o que dificultava, posteriormente, a verificação da efetiva aplicação dos recursos públicos recebidos.
Para cada parceria era aberta uma conta bancária específica, e o dinheiro era desviado mediante saques em espécie desta conta, ou transferências para empresas ligadas ao grupo criminoso. A partir desta conta, para onde eram enviados os recursos públicos, também eram feitos saques em espécie, com o posterior depósito em contas dos próprios denunciados ou terceiros favorecidos. Nas prestações de contas das parcerias eram empregadas fraudes contábeis e documentais para dar aparência de licitude às operações financeiras que concretizavam o desvio e a apropriação dos recursos públicos e os procedimentos de ocultação e dissimulação da origem desse dinheiro.
Empresas envolvidas
Dentre as empresas do grupo envolvidas com os crime de peculato, como beneficiárias dos recursos públicos desviados, eram diretamente ligadas ao núcleo familiar de Dinocarme as pessoas jurídicas Meridional Locadora de Veículos S/S Ltda (que recebeu transferências em um total de cerca de R$ 12 milhões), Divicon Construtora e Incorporadoria Ltda (R$ 1,9 milhão), Inesul Instituto de Ensino Superior de Londrina (R$ 2,9 milhões), dentre outras. Diversas empresas ligadas a outros denunciados também receberam recursos ilícitos.
Convênios
Foram denunciados crimes de peculato relativamente a convênios celebrados no âmbito do estado de Paraná, auditados pela Controladoria Geral da União. Foram desviados cerca de R$ 20,2 milhões nos seguintes convênios e parcerias:
– Convênio nº101/2007, firmado pelo Ministério do Trabalho e Emprego diretamente com o Ciap, referente ao “Consórcio Social da Juventude de Londrina”, incluído no Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), visando a capacitação profissional de 1.300 jovens da cidade de Londrina-PR: desvio de R$ 1,9 milhão;
– Convênio nº55/2007, entre o Ministério do Trabalho e a Secretaria de Estado do Trabalho e Promoção Social do Estado do Paraná. A parceria teve vigência nos anos de 2007 a 2009, e seu objeto era a capacitação profissional de 3.080 jovens de diversas cidades paranaenses, figurando o CIAP na condição de agente executor do projeto: R$ 1,6 milhão;
Parcerias firmadas com a Prefeitura de Londrina relativas a programas na área de saúde entre os anos 2004 e 2009: Programa do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192; Programa de Controle Ambiental de Endemias; Programa de Estruturação de Unidades de Atenção Especializada em Saúde (Policlínicas); Programa Saúde da Família; e Piso de Atenção Básica (programa governamental que abrange o Programa Saúde da Família – PSF, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde -PACS, o Incentivo de Atenção Básica dos Povos Indígenas, o Programa de Saúde Bucal – PSB e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF): R$ 14,7 milhões.
– Termos de parceria celebrados com a prefeitura de Rolândia (PR), referentes aos Programas Saúde da Família e Controle Ambiental de Endemias, entre os anos de 2003 a 2007: R$ 1,9 milhão
– Termos de parceria firmados com a prefeitura de Campo Largo (PR) relativos aos Programas Saúde da Família e Estruturação de Unidades de Atenção Especializada (Policlínicas), abrangendo os anos de 2003 a 2005: R$ 107 mil .
Lavagem de dinheiro
Um dos esquemas de lavagem de dinheiro consistia na compra de imóveis com registros suspeitos, supostamente situados na selva amazônica (Altamira-PA), pagos com títulos da dívida pública prescritos e desprovidos de valor monetário. O objetivo era promover acerto contábil quanto ao desvio de recursos públicos concretizados mediante saques em espécie das contas do CIAP, que, em seguida, eram depositados, também em espécie, em contas de pessoas físicas e jurídicas vinculadas à organização criminosa.
O segundo esquema de lavagem de dinheiro consistiu na aquisição, com recursos públicos desviados, de uma residência de luxo, localizada em Anápolis (GO), no valor de R$1,5 milhão, com a interposição de uma empresa de administração de bens (holding) controlada pela organização criminosa, a Meridional Participações e Empreendimentos Imobiliários e Agropecuários S/S Ltda.
O terceiro esquema de lavagem de dinheiro foi a transferência de recursos das contas bancárias do CIAP para empresas, controladas pela organização criminosa, como se fossem pagamentos de serviços prestados, mas sem nenhuma relação com o serviços público objeto dos termos de parceria. O valor movimentado foi de cerca de R$ 14,6 milhões. As empresas envolvidas nesse esquema criminoso foram:
– J. Euzébio Consultoria, Assessoria e Empreendimentos Ltda (recebeu transferências no total de R$ 4,3 milhões);
– Sapoti Serviços Assessoria e Projetos par Empresa do Terceiro Setor (R$ 3 milhões);
– Arruda e Associados Instituto e Consultoria (R$ 4,5 milhões);
– Francisco de Assis Oliveira Me (R$ 1,6 milhão);
– Gutemberg Brizola Rodrigues de Aranha (R$ 300 mil); e
– SWM Comércio e Representações Ltda (R$ 860 mil).
O MPF informa que vários outros fatos ainda estão sob investigação na esfera criminal e estão sendo tomadas as medidas necessárias para que as providências na esfera cível e administrativa possam ser adotadas pelas autoridades competentes. A denúncia foi proposta perante a 2ª Vara Federal Criminal, em Curitiba.
Denunciados– Dinomarme Aparecido Lima
– Vergínia Aparecida Mariani
– Elzira Vergínia Mariani Guides Martins
– José Roberto de Lima
– Sergio Ricardo de Lima
– Alexandre Pontes Martins
– Fernando José Mesquita
– José Ancioto Neto
– Said Yusuf Abu Lawi
– Paulo Cesar Chanan Silva
– Valmir de Arruda Leite
– Maria Aparecida Carricondo de Arruda Leite
– Juan Carlos Monastério de Mattos Dias
– Ricardo Barreto Popadiuk
– Laura Maria Cury Martinelli
– Ozias Buzato
– Maria Lúcia Buzato
– Andre Augusto de Oliveira
– Alexandra Laitano
– Antonio José Viana Neto
– Francisco de Assis Oliveira
Cadê os políticos que arrumavam contratos para eles?