Ela via luzinhas pipocando em frente à sua retina. Não sabia e até hoje não sabe o que era. Apenas via quando aparecia uma mensagem do além para avisá-la sobre o futuro sempre incerto. Não sabia se confiava naquilo ou se simplesmente ignorava os chamados tais seres de luz que apareciam para ela. A mente dela, sempre criativa, já começava a delinear histórias a partir disso. Uma vez, no consultório do psiquiatra charmoso viu a tal da luzinha logo após falar sobre relacionamentos. Seria um aviso de uma possibilidade com aquele que parecia mais um galã de novela do que doutor? Nunca acreditou. Já sabia que a forma era o vazio e o vazio a forma, e isso já é a realização dos muitos e muitos nesse caminho de terapias, autoconhecimento, Yoga e tantas outras coisas que hoje borbulham na internet. Já fizera quase tudo: desde magia e meditação, como na música de Renato Russo, até técnicas de respiração que fazem você acessar a consciência de quando ainda nem havia saído da barriga da mãe. Esse Universo é mesmo um mistério que ela decifrou muitas vezes, mas continua sendo um ser humano perdido no mar da vida, sem saber para onde ir e o que fazer com tudo isso. Até mesmo com as luzinhas que sinalizam o caminho torto.