Rogério Distéfano
GILMAR MENDES. Não bato forte porque o pior que posso dizer dele dizem ou disseram de mim: um cara que adora ser desagradável. Sendo tão objetivo e distante quanto é permitido, diria que quem diz isso de mim está enganado. Mas vivi o bastante para saber que no geral os outros funcionam como um espelho no qual recusamos ver nossa imagem.
Acontece que não fedo nem cheiro – minha saudosa mãe insistia que feder não se conjuga na primeira pessoa. Gilmar, sim, primeira e terceira pessoa, ele. Não no sentido olfatório, mas no institucional. Insiste em remar contra a maré: se um corrupto é preso, ele solta; se a prisão em segunda instância é o mínimo para conter a bandidagem, ele vota contra. Gilmar se protege com a tese de que juiz não entra em concurso de popularidade.
Gilmar, diga-se em seu benefício, não está sozinho na suprema fogueira de vaidades chamada Supremo Tribunal. Não é a primeira nem será a última prima dona, pois disputa com o colega Marco Aurélio o protagonismo – um concurso de antipatia. Agora deu de se aliar às criaturas lulistas lá presentes, que blindam os corruptos. Às vezes Gilmar vai a favor da maré, como recusar ser peitado por Lula. Mas logo volta a ser Gilmar.
Isso de ser do contra é traço de caráter, não há como negar. Há explicação: ânsia de aparecer, de ser original, de desafiar a corrente, até megalomania, como em Donald Trump, o presidente dos EUA, que só faz criar conflitos. Para não agravar o viés contra Gilmar, digo dele o melhor: é a cara do vilão Jabba the Hutt, do Star Wars.
Cara de um, focinho do outro , kkkk