por Célio Heitor Guimarães
Faleceu nesta terça-feira 22/08, em Belo Horizonte (MG), aos 80 anos, o narrador esportivo e comentarista Willy Gonser, um dos mais competentes narradores esportivos do rádio brasileiro. Estava internado há uma semana no hospital Unimed para tratar de uma pneumonia.
Fomos colegas na velha Independência de Curitiba, de Jair Brito, Elon Garcia e tantos outros valores do rádio paranaense. O “Alemão”, além de chefiar o departamento esportivo da emissora, era o seu principal noticiarista. Com bela voz e dicção perfeita , apresentava o “Repórter Petrobras” (depois, Renner), em diversas edições diárias. Além do que, ao microfone ou fora dele, era um excelente amigo, ótimo caráter e grande figura humana.
Segundo registro do blog O Rádio do Paraná, do guerreiro Wasyl Stuparyk, Willy Fritz Gonser nasceu em Curitiba, ainda que todo mundo achasse que era gaúcho, em 1936. Começou como entregador da revista “Turfe Ilustrado”, até arrumar uma colocação, em 1953, na Rádio Marumby, “a emissora das iniciativas do Paraná”. Participava das jornadas esportivas da emissora. Durante um jogo no Estádio Durival de Brito, em Vila Capanema, o narrador Machado Neto desapareceu quando iria iniciar o segundo tempo. Willy foi obrigado a assumir o microfone. Daí em diante, não parou mais. O sumiço de Machado fora intencional. E com excelente resultado.
Foram 60 anos de carreira, iniciada em Curitiba, com passagens por Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ao todo, foram onze Copas do Mundo e cinco Olimpíadas. Era um recordista de transmissões esportivas do planeta.
Atualmente, Willy Gonser atuava (desde 1979) na Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.
Assim como o grande amigo Célio, tive igualmente o prazer e a honra de compartilhar com Willy Gonser grandes momentos, ainda no fim dos anos 1960, quando ele dirigia o departamento esportivo da Rádio Independência – num momento em que eu iniciava minha tenra experiência no Jornalismo, ainda segundo-anista do curso, na Universidade Católica do Paraná. Não só Willy, mas também Jair de Britto estava lá -ele, Jair, que me “importou” ao Departamento de Notícias da Independência,. Conheci Jair ainda como diretor artístico, por volta de 1963, da Rádio Cultura de Joinville, de onde sou, e onde, lá pelos meus 15 anos, me iniciei na comunicação, brincando de fazer notícias. Recordo, quando na Indepenência, quando Gonser, com seu Jeep, foi o primeiro a chegar à região da Serra do Mar, onde, em 1968, um avião da então Transbrasil (ou seria ainda a Sadia?) caiu em meio à densa floresta, não deixando um só sobrevivente. Lá fomos nós cobrir o ocorrido, enfrentando todas as péssimas condições possíveis de mobilidade numa mata fechada. Mas Willy, liderando o grupo, e deixando seu Jeep à margem da rodovia, mesmo vinculado ao esporte, soube fazer Jornalismo com J maiúsculo. Gonser permaneceu por mais um tempo na emissora então dirigida pelo – como o chamávamos carinhosamente – “Velho Maia”, segui meu caminho, ainda em 1968, migrando à Rádio Guairacá, onde trabalhei com outro “monstro radiofônico”: Euclides Cardoso, para, a partir dali, iniciar minha carreira de escrita na redação do velho e querido Estadinho, na Barão do Rio Branco, 556. Willy, meu preito, minha lembrança,m minha saudade e meu respeito – a quem soube, sempre e sempre, mostrar um caminho de conquistas e vitórias. Vai em paz!!
Ah, a propósito: Também trabalhei com Machado Neto e Nestor Batista (ambos na área esportiva), bem como Jota Jota, Jamur Júnior, Ivan Cury e outros mais na Guairacá. Foi um glorioso e romântico tempo de um rádio que deixou saudades.