Rogério Distéfano
“NÃO HÁ FÚRIA no inferno que se compare à de uma mulher desprezada”. A frase de William Cosgrove volta e meia aparece nas separações em que a mulher solta os cachorros no parceiro. Ontem vivi situação quase igual. Seria assim: não há fúria no inferno pior que a da nutricionista desprezada.
Não desprezei a nutricionista, apenas descumpri a dieta que ela prescrevera, excelente, com mais quantidade e apreciável racionalidade na alimentação. Consegui perder peso e reduzir a cintura. Como o aluno CDF, ganhei a admiração da doutora. Acontece que tirei férias, e durante as férias tem aquilo de cair com os pés e a boca na jaca.
A doutora nutricionista é loira, alta e forte, tipo alemã de filme nazista. Não é nazista, coisa que hoje só tem nos EUA. Tampouco é alemã, mas tem pais austríacos e viaja com passaporte da Áustria. Lembro que o austríaco mais famoso depois de Freud foi Hitler, que dominou a Alemanha. Meus deslizes não me pareciam graves: aumento de quatro quilos no peso e na cintura e a gordura visceral.
Levei esculacho da doutora por conta da tal gordura visceral. Na minha leda e gulosa ignorância, nunca vira problema na gordura visceral, que pelo Google é aquela abaixo da linha da cintura. Afinal, Dilma não disse que o falecido ex-marido “viveu visceralmente”? Ora, se o ex de Dilma chegou aos 79, a doutora nutricionista que me desculpe: também vou viver visceralmente.