Mas que mané de interpretação dos sonhos! Freud eu só conheço de piadas e sei que ele era chegado num charuto, o que já não é bom sinal. Tá, coloca a saideira aí, com chorinho para gastar com o santo, que preciso levantar cedo porque a obra não pode parar e meu chefe é carne de pescoço. Banho frio. O balde pendurado e todo furadinho de prego. Isso não é quarto – é um depósito para descansar os ossos. Pai nosso, por favor, segura mais um pouco a minha parada aqui nessa cidade. Não posso ter saudade deles, do bode e do pé de jaca na frente da casa. Amém. Mas o que é isso. Apaguei a luz e estou caindo sem parar! Parece que estou voando e não há nada em volta, acima ou embaixo. Será que bebi demais, meu Santo Antonio de Categeró? O fundo! Cadê o fundo? Estou despencando faz tempo e nada. O que é isso? Será que não vou voltar pra minha terra? Despertador de merda!! Já são cinco da madrugada. Aqui não tem galo, só barulho de carro na rua. O que foi aquilo? O fundo, no fundo, não é fundo – é abismo. Clareou!