Há palavras que você ouve e tem vontade de comer. Há outras, no entanto, que a pessoa fala e ela mesma come para ver se dá algum efeito, como perguntava aquele jovem no batismo de fumaça da maconha. O verbo emponderar, por exemplo. Foi o caso daquele sujeito que tinha tantas dúvidas na vida que nunca sabia se usava uma cueca samba-canção ou tipo sunga para sair de casa. Um dia ficou tanto tempo na dúvida que resolveu sair sem nada, com as partes balançando ao sabor dos passos. Pois foi exatamente ele que, ao levar um esporro do patrão, retrucou aos berros, dizendo que tinha aprendido a ser… emponderado. Como? O chefe não perguntou. Apenas mandou ele enfiar o emponderamento naquele lugar e ir acertar as contas no departamento pessoal. Quando chegou em casa, só com o empoderamento e sem o emprego, a mulher resolveu lhe contar que estava indo embora para viver com um amigo dele. Ao perguntar o motivo, a já ex-companheira disse que não aguentava mais viver com um desemponderado. Ele nunca tinha ouvido esta palavra, mas achou que caía perfeitamente para sua condição de vida. No dia seguinte resolveu ficar na cama. Pelado. Sem cueca alguma.