de Ticiana Vasconcelos Silva
Tudo parece-me estranho
Tamanho é o desejo de estar a sós
Sem aqueles nós que naufragaram
E me ataram à vontade de correr veloz
Fugir do algoz que inventei pelo medo
Pelo erro, pelo que caiu após
A partida breve sobre a neve
Cuja pele escorre em meu lençol
Súbitos anseios permeiam o que ficou em nós
E calada na madrugada acordada, enlaçada pelos anzóis
Deste navio que ainda permanece inerte no fundo de corais azuis
Recordo-me hoje com olhos marejados, cansados de vida e de vontades senis
Mesmo que a idade fale mais dos beijos que eu não quis
Mesmo que a mão ainda guarde a marca que nasce sem fim
Pois permanece como um bálsamo da coragem que eu nunca fiz
E, assim, faço do meu castelo de areia a barragem de você em mim