O Dodge nunca fez sucesso no Brasil, sempre dominado pela dupla Ford-Chevrolet. Muitos, inclusive o autor destas linhas, têm saudades da família Dodge, DeSoto, Plymouth dos áureos tempos da importação livre, anos 1950: linhas limpas, sóbrias, carros resistentes, estilo de personalidade, regra da Chrysler, a montadora-mãe.
A empresa produzia seu top de linha, o transatlântico, exagerado, megalomaníaco e absurdo Chrysler Imperial, conversível de quatro imensas portas, onde foi assassinado o presidente John Kennedy. A matriz dos EUA sempre periclitou, ensaiou a falência, foi salva pelo governo e hoje é controlada pela FIAT, que comprou a empresa para alavancar a entrada de seus carrinhos no mercado norte-americano.
Minha geração viveu a paixão pelo Dodge Dart, ousado petrólico anônimo, e pelo Dodginho, superior às carroças aqui produzidas que logo desapareceu – e purquá, como dizem os franceses. Vinha importado da Argentina, naqueles acordos que nunca dão certo por certo pelos motivos que conhecemos. Carrinho maça, moderno, automático, direção hidráulica, resistente, suspensão para estradas decentes, preço competitivo. Claro que esse cochilo logo levou o cartel das montadoras a concertar o chega-pra-lá no Dodginho. Sacanagem.
Veio o castigo: a empresa tentou sobreviver no Brasil ao comprar e deteriorar as marcas Simca e Wyllys Overland – esta hoje sobrevive heroicamente no nome-homenagem do deputado Jean Wyllys, militante LGBTT, e deturpada na história do Banco Rural, batizado pelo fundador em honra à Rural Wyllys, seu carro do coração, belíssimo utilitário dos anos 1960. Nunca perdi a esperança do retorno do Dodge produzido no Brasil, seja do Grand Sedã, o Dart dos ricos, seja do Dodginho propriamente dito.
Ricos deslumbrados pagam fortunas para trazer os cafonas Mustang e Camaro. O concorrente Dodge Charger dificilmente aparece por aqui: mantém os atributos do antepassado nos anos 1950, forte, sóbrio e superior. Quem sabe agora acabe o vai e vem do Chevrolet, carro de classe média, que reflete o gosto e o moralismo da classe média, e dessa arraia miúda Fordista que acredita em governo militar de um lado e de outro na volta de São Sebastião Lula da Silva. Porque uma coisa é Dodge, outra coisa é Ford e Chevrolet. (Rogério Distéfano)
Eu gostava do dodge 1800 Polara,
Quem diria hein Rogério, o nome Dodge voltou com tudo a nossa realidade. E promete não ser nada fraca, vá dar muito o que falar.