ROGÉRIO DISTÉFANO
Volta, Dilma
É tanto dinheiro escondido nessa roubalheira da Lava Jato que dá saudade da velha Dilma Rousseff. Sim, a velha, não pela idade, mas pelo passado, a guerrilheira Dilma que comandou a invasão da casa da amante do governador Ademar de Barros e levou dois milhões de dólares que o político celebrizado pela corrupção (“Roubo, mas faço”) ali escondia.
Querem exemplo? O caso de Sérgio Cabral, que transformava propina em joias para a mulher Adriana Ancelmo. Até agora a PF conseguiu recuperar menos de um terço dos valores convertidos em anéis, colares, relógios comprados para a ex-primeira-dama. Os policiais encontraram alguma coisa na residência de Cabral. Nesta semana deram batida na casa da cunhada, irmã de Adriana e resgataram mais joias.
No mesmo dia sobrou para a governanta do casal (rico tem governanta, remediado, empregada). Dona Adriana mandou a empregada avaliar uma joia. Onde? Na H. Stern. Os caras não se emendam, são como cachorro que come ovo, que, pelo consenso da roça, não tem cura, só matando. Falta uma Dilma de antanho para completar a Lava Jato.
Tá ruim mas tá bom
Michel Temer está lá em baixo, 7% de aprovação. Pode ser ruim para o governo, mas é bom para ele “enquanto ser humano”, como diria o profeta Lula. Presidente com alto percentual de aprovação aproveita para fazer bandalheira. Vide os de antes, incluso o antes citado. Muito aprovados, tão aprovados que podem voltar para aprontar mais. Está no DNA cívico desta terra esperar o salvador, matar o salvador e depois ressuscitar o salvador.
Carne quente pega
A carne brasileira é fraca, toda ela. Não falo de Neymar Jr., que no dia seguinte ao fora de Bruna Marquesine amarrou-se com a modelo baiana, de “corpo moreno, cheiroso e gostoso”. Essa carne, mesmo fraca, não tem contraindicação, ao contrário, é importada numa boa, como a atual do Neymar, modelo da Ford Models, agência dos EUA.
Problema é a carne de mastigar, a outra, que a gente mastiga e engole. A Friboi quebrou as instituições, quebrou tanto que será necessário melar toda essa coisa de Lava Jato, deixar Aécio Neves flutuar na neve de novo, mandar Édson Fachin de volta para o Rio Grande, meter a faixa de chacrete em Gleisi Hoffmann.
Nossa carne, a de mastigar e deglutir, levou-nos ao vexame do puxão de orelha norueguês em Michel Temer e o bloqueio das importações na Europa e EUA. Por quê? Ora, porque nós brasileiros contaminamos a carne de mastigar, não só a que mastigamos, também a que despachamos para os gringos engolirem.
Qual o problema da carne? O mesmo do Brasil, o abscesso. Tem abscesso na boiada e gringo não come coisa com abscesso, principalmente vindo deste Brasil – nenhuma carne com abscesso, seja qual for. De onde vem o abscesso? Ora, de onde, da politicalha, o mais perfeito e bem-acabado abscesso do Brasil.
Os políticos contaminaram a carne ao começarem a oferecer proteção aos matadouros e frigoríficos via vigilância sanitária. O ex-chefe da Vigilância Sanitária no Paraná está preso, suspeito de comandar a quadrilha que fajutava certificados de regularidade da carne. Ninguém o tirava o cara do cargo, entrasse governo e saísse governo – afinal, alimentava o caixa dois dos diplomados na justiça eleitoral. Tão chefe que o chefe dele o chamava de “grande chefe”.
O chefe do grande chefe chama-se Osmar Serraglio, deputado federal do PMDB velho de guerra. O pequeno chefe do grande chefe assumiu o ministério da Agricultura – área da vigilância sanitária da carne – para ceder vaga na câmara federal a Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala. Rodrigo quê? Ora, o Rodriguinho, hoje preso, amigo/protegido de Michel Temer. Mala, que mala? Ora, a mala da Friboi. A carne, sempre a carne.
“O pequeno chefe do grande chefe assumiu o ministério da Agricultura – área da vigilância sanitária da carne – para ceder vaga na câmara federal a Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala.”
Assumiu Ministério da Justiça e não Agricultura.