Por Ivan Schmidt
O historiador marxista Isaac Deutscher, um dos mais importantes do século 20, escreveu uma trilogia sobre a vida política do revolucionário Leon Trotski (O profeta armado, O profeta desarmado e O profeta banido), publicada no Brasil nos anos 80 pela Editora Civilização Brasileira (RJ), dos irmãos Enio e Breno da Silveira, a meu juízo até hoje insuperável no descortino editorial e rigorosa seleção do acervo posto ao alcance do leitor.
Deutscher descreveu o panorama da Revolução de Outubro dos anos 20 até a chamada desestalinização do regime do qual se apropriara, com mão de ferro, o georgiano Josef Stalin, desde a morte de Vladimir Lenin.
O responsável pelas primeiras denúncias à ação vingativa e policialesca de Stalin foi o então secretário geral Nikita Kruschev, no discurso pronunciado durante o XX Congresso do PC-URSS, no final dos anos 50, propiciando por outro lado o regurgitar de referências históricas ao papel de Trotski na revolução, “pela primeira vez em três décadas”, segundo o autor de O profeta desarmado (1921-1929), aqui lançado em 1984, com a tradução de Waltensir Dutra.
“Quando o ídolo Stalin estava sendo derrubado e a falsificação stalinista da história estava sendo oficial e enfaticamente denunciada, a sombra do principal adversário dele despertou inevitavelmente um interesse novo e interno, embora surpreso”, afirmou Deutscher, ao acrescentar que “os jovens historiadores, para quem os arquivos – até então trancados à chave – foram subitamente abertos, procuraram avidamente uma resposta nos registros pouco conhecidos do bolchevismo”.
As palavras de Kruschev tiveram efeito devastador no ambiente político soviético, em especial ao assegurar que Stalin destruíra todos os críticos dentro do partido “por meio de acusações falsas e monstruosas”, levando os historiadores a esperar naturalmente “uma reabilitação explícita das vítimas dos Grandes Expurgos”.
Contudo, no final de 1956 e início de 1957, devido à intensa agitação ideológica causada pela invasão da Hungria, o historiador lembrou que “Moscou determinou um alto na reconstituição da verdade histórica”, apressando-se o partido a editar novo compêndio oficial sobre a história da revolução, “que procura repetir, embora numa visão revista e um pouco amenizada, o anátema sobre Trotski”, ressaltando, entretanto, movido pelo instinto de correto historiador que “nas publicações soviéticas, o volume de artigos destinados a difamar Trotski sub-repticiamente cresceu muito mais do que nas últimas décadas, aproximadamente, da era stalinista”.
Sem esconder sua profunda admiração pelos feitos de Leon Trotski, na condição de investigativo biógrafo, Isaac Deutscher não teme declarar que “não acredito, e jamais acreditei que a memória de Trotski tenha qualquer necessidade de reabilitação pelos governantes ou líderes do partido. (Creio, antes, que são eles os que devem trabalhar, se puderem, para conseguir sua própria absolvição!)”.
A formação da União Soviética teve início em 1921, período imediatamente posterior à guerra civil, “com Trotski no auge do poder” e termina em 1929 quando o outrora aclamado como um dos líderes mais autênticos da revolução, depois de passar um ano banido nos confins da Sibéria, está na rota de Constantinopla, uma das capitais da Turquia, onde passaria a primeira fase do exílio.
Durante esse tempo, o Partido Bolchevista, depois da morte de Lenin, viveu a mais acesa e momentosa controvérsia política da era moderna, “inseguro de suas políticas e tateando por uma direção, colhido em extraordinárias tensões sociais e políticas e na lógica do sistema monopartidário, e sucumbindo à autocracia de Stalin”.
Nesse caldo fervente e destruidor, Trotski está no centro da luta “como principal adversário de Stalin, o único candidato alternativo à liderança bolchevique, o defensor ‘prematuro’ da industrialização e da economia planificada, o crítico do socialismo num único país e o campeão da ‘democracia proletária’”.
Não foi uma época de vacas gordas para o chefe revolucionário, acusado diuturnamente por Stalin e a camarilha que obedecia suas ordens cegamente, sem que a população sequer percebesse o que se passava nos bastidores: “A grande maioria do partido assemelhava-se a uma massa gelatinosa: consistia de membros humildes e obedientes, sem inteligência e vontade próprias. Há mais de quatro anos Lenin havia declarado que o partido virtualmente nada representava como órgão elaborador de políticas e que apenas a velha guarda, aquela “pequena camada que não tinha mais de alguns milhares de membros, era o repositório das tradições e princípios bolcheviques”.
A oposição a Stalin provinha dos grupos fieis a Trotski, Zinoviev e uns poucos mais, que na qualidade de revolucionários profissionais de épocas anteriores, eram em grande parte “homens e mulheres que tinham opiniões firmes sobre os grandes problemas e enfrentavam graves riscos pessoais. Muitos se haviam destacado entre os quadros bolchevistas, nas épocas mais críticas e tiveram muitos laços políticos com a classe operária”.
Isaac Deutscher levantou uma dúvida sobre as facções dominantes, questionando a versão de que estas eram mais fortes, inclusive numericamente, alegando que então os bukarinistas pareciam ser mais populares que os stalinistas, embora dois anos depois fossem derrotados muito mais facilmente que a Oposição Unida. O poder ditatorial de Stalin residia não no tamanho do rol de seguidores, “mas no domínio completo que seu líder tinha da máquina partidária e que lhe permitia valer-se dos recursos do partido, violar eleições, manufaturar maiorias, disfarçar o caráter seccional e pessoal de sua política – numa palavra, identificar sua facção com o partido”.
Na estimativa feita pelo historiador, no máximo 20 mil pessoas estavam “por sua própria escolha, direta e ativamente envolvidas na momentosa luta interna do partido”.
A escalada imperialista de Stalin chegou ao ponto do afastamento do Politburo de Leon Trotski, criador do Exército Vermelho e vencedor da guerra civil, instância da qual haviam sido também expulsos revolucionários de primeira hora.
Os passos decisivos que levariam Trotski ao exílio e à morte violenta em Coyoácan, nos arrabaldes da Cidade do México, em 21 de agosto de 1940, seguiram com rigor o plano estabelecido pelo insaciável czar vermelho.
Ivan,e a nossa revolução//???Aqui sem não vai vingar,esse Pais terá sim que ter algo que limpe tudo e comece a se erguer com leis e com nova ordem das coisas que tem que brotar da classe média baixa e dos trabalhadores pobres.Não da para continuar assim como está,o Brasil está podre,só falta cair e se esborrachar.
Essa nossa elite que até muitos pobres adoram estão ai para saquear,para vender e trair a nação.
Somos os maiores em recursos naturais ,temos áreas e muito ainda que progredir,mas tudo é feito para estancar e manter nosso povo humilde nessa miséria e se algum líder tenta melhorar isso e satanizado e até tirado do poder.
O Brasil perdeu sua segurança jurídica,somos julgados por foras-da-lei,e assim não vamos a lugar algum.