por Dirceu Pio
Ele foi um dos personagens mais notáveis da política brasileira no Século XX: Teotônio Vilela, hoje conhecido como O Menestrel das Alagoas, imortalizado que foi por Milton Nascimento/Carlos Brandt, em música transformada em hino das “Diretas Já”, na voz de Fafá de Belém…
Demorou, mas apareceu um biógrafo à altura do personagem: o jornalista Carlos Marchi, autor de Senhor República, Editora Record, já em todas as boas livrarias do país a R$ 62,90!
Quem prefacia o livro é também minha amiga Eliane Cantanhede, que diz sobre o autor: “Carlos Marchi é um dos jornalistas mais talentosos e um dos textos mais impecáveis da minha geração”.
Carlos Marchi me fez, a pedido, um resumo da obra. Antes de transcrevê-lo gostaria de deixar registradas as circunstâncias em que tive o privilégio de conhecer Teotônio Vilela…
Foi nos primórdios dos anos 1980, em Curitiba. Ele havia começado há várias semanas a sua famosa cruzada democrática: visitava solitariamente as principais cidades do país, contatava alguns poucos jornalistas e intelectuais, fazia pequenas reuniões em recinto fechado e gastava várias horas de conversa para expor suas convicções políticas… Vivíamos a última fase da Ditadura Militar e ele pregava, como autêntico menestrel, a necessidade urgente do restabelecimento do estado de direito…
Eu era na época chefe da Sucursal dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde no Paraná e fora convidado para fazer parte do pequeno grupo que foi recebê-lo no aeroporto e conduzi-lo a reuniões fechadas no centro da cidade…
Havia sinais de exaustão do regime militar… Eu mesmo entrevistara o Brigadeiro Délio Jardim de Matos, com exclusividade… Délio estava hospedado na casa de parentes em Curitiba e eu fui levado até ele pelo então diretor da minha sucursal, Nacim Bacila Neto, que me alertara que ele falaria algo importante… E falou mesmo: foi a primeira vez que um militar (Delio era uma espécie de porta-voz do governo) admitiu que a “abertura política” estava a caminho… A entrevista foi manchete do Estadão e alcançou grande repercussão na época…
E veio primeiro a abertura, em seguida veio a anistia, que deu início às Diretas Já! E o personagem agora biografado pelo meu amigo Carlos Marchi teve um papel importantíssimo em todo o processo coroado pela redemocratização, iniciada em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello!
Trago na lembrança a imagem de um cidadão de verdade, Teotônio Vilela!
AUTOR NOS PREPARA PARA UMA LEITURA BEM PROVEITOSA
Vejam agora o resumo que me foi enviado por Marchi: “…acho que o essencial do livro é traçar a trajetória de um homem que evoluiu ao longo da vida política. Era um liberal clássico no começo, passou a encarnar um liberal social, digamos assim, e chegou, no final da carreira, a abraçar uma postura de esquerda.
Acima de tudo, defendeu as liberdades; quando Carlos Lacerda propôs que a UDN ficasse contra a posse de João Goulart, Teotônio opôs-se a ele e nisso juntou-se a sua grande referência política, Milton Campos.
O livro mostra a fundamentação do liberalismo no mundo e no Brasil; e explica a dicotomia que fulminou a UDN – uma parte queria uma democracia legítima, outra parte atuava como cassandra de golpes.
Cometeu dois grandes equívocos – apoiou o impeachment do governador Muniz Falcão, em 1957 (quando foi relator do impeachment na Assembleia alagoana), e que redundou no trágico tiroteio na Assembleia; e apoiou o golpe de 1964. Mas foi o grande artífice da anistia, quando fustigou o governo Figueiredo com uma campanha nacional de visitas aos presos políticos.
Acabou candidato à presidência da República (o PCdoB o lançaria) mas foi abatido pelo câncer”.
Teotônio Vilela nasceu em Viçosa (maio de 1917) e morreu em Maceió (novembro de 1983)…
Além de descrever sua surpreendente carreira política, o livro traz muitas revelações, como a informação de que ele quase foi cassado duas vezes: na primeira, foi salvo pelo governador de Alagoas, Luiz Cavalcante, general da reserva e amigo do marechal Castello Branco; na segunda, quem o livrou foi seu amigo de juventude, com quem estudou, no Rio, para entrar na Escola Militar de Realengo, o coronel Mário Andreazza.
Há também várias outras curiosidades, como:
– A canção “Menestrel das Alagoas” foi composta por Fernando Brant e Milton Nascimento a pedido do PCdoB, que imaginava usá-la numa eventual campanha presidencial.
– A conversão de Teotônio para a esquerda foi substancialmente estimulada pela paixão devastadora que ele teve por Maria Luíza Fontenele, a primeira prefeita eleita (pelo PT) de uma capital brasileira. O amor também foi interrompido pela doença.
Pois é né,Teotônio Vilela,Tancredo Neves,José Richa,ou seus brotos eram enxertos ruins ou a história foi muito dadivosa para esses personagens,até por que Minas com Tancredo e Alagoas com Teotônio são estados onde a miseria e os currais eleitorais fazem do povo pobre reféns.
O Temer também com frases de efeito e uma mídia amiga e sem os Joesleys da vida seria amanhã contado em provas e versos por escritores enchedores de linguiça.
Eu não acredito nesses políticos tidos como bons,até por que Mario Covas que diziam ser o PROBO do PSDB enriqueceu sua familia doando concessões de pedágios e hoje o tla ‘ZUZINHA’ ´é milionario graças ao Pai.
Está mais do que na hora de Sérgio Silvestre ter seu espaço para escrever na página principal do blog. Um leitor que lê todos os posts e faz comentários sobre eles deve deixar essa condição e passar a opinar, escrever sob autoria. Não concordo com nada do que ele escreve, mas considero este comentário de hoje inspirado, algo que o credencia para escrever em nome próprio. Dou-lhe o maior apoio, ainda que tenha sido, vez ou outra, vítima de seus petardos.
Que nada Rogério,nem sei escrever,sou apenas um pequeno “cômico’ um comicuzinho qualquer,