por Bernardo Mello Franco
Os advogados de defesa não foram convidados a falar no segundo dia de julgamento da chapa Dilma-Temer. Na verdade, nem precisavam. O ministro Gilmar Mendes assumiu de vez o papel de escudeiro do governo no TSE. Com duas vantagens: ele é o presidente da corte e ainda terá direito a votar no final.
Gilmar não mediu palavras para confrontar o ministro Herman Benjamin. No início da sessão, ele acusou o colega de usar um argumento “falacioso” ao defender o uso de provas fornecidas pela Odebrecht.
“Agora Vossa Excelência teria mais um desafio: manter o processo aberto e trazer delações da JBS. E talvez na semana que vem as delações de Palocci”, ironizou Gilmar.
Sem perder a calma, Benjamin lembrou que a JBS não está na ação. E acrescentou que a Odebrecht é citada três vezes no pedido de cassação da chapa, formulado pelo PSDB.
A troca de farpas prosseguiu. “Todos nós estamos encantados em ouvi-lo”, provocou Gilmar, antes de pedir que o colega fosse mais breve nas suas considerações. “Quem está falando sou eu”, respondeu o relator.
O presidente do TSE não se deu por vencido. Adiante, ele sugeriu que Benjamin estaria em busca de fama. “Esta ação só existe graças a meu empenho, modéstia às favas. Vossa Excelência só está brilhando no Brasil todo, na TV, graças a isso”, disse.
Mais uma vez, Benjamin se recusou a morder a isca: “Vossa Excelência sabe que eu prefiro o anonimato”.
Depois de discursar sobre o papel do Estado na economia, defender a reforma política e recitar palavras em alemão, Gilmar deixou escapar uma frase sincera: “Não estou aqui a defender a cassação de mandato”. Quem ousaria pensar o contrário?
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Temer voou no jatinho de Joesley Batista, cujo prefixo é JBS, mas diz que não sabia quem era o dono do avião. Em outros tempos, o Congresso cassava presidentes que se enrolavam por causa de uma Fiat Elba.
*Publicado na Folha de S.Paulo