ROGÉRIO DISTÉFANO
A colunista Mônica Bérgamo, na Folha de S. Paulo de ontem, sobre recente pesquisa: 30% dos brasileiros mais ricos apoiam a permanência de Michel Temer. Um universo “mais rico” revela nossa miséria cívica: são aqueles com renda superior a 10 salários-mínimos.
Para efeitos comparativos com o primeiro mundo somos pés-rapados. Pode-se ir além nas conclusões: esses 30% de brasileiros não são melhores que os petistas que recusam aceitar a refulgente corrupção dos governos de seu partido. E quando correm o risco de ver, se fazem de avestruzes, enterrando as cabeças na areia.
Os coxinhas na faixa dos 30% e a generalidade dos petólatras e petroladros somos imorais, sem valores, complacentes com a corrupção. Nos merecemos uns aos outros. E os restantes 70% dos “mais ricos”? Supõe-se que desejem a saída de Michel Temer. Assim como a unanimidade dos petistas. Isso pode significar que começamos a nos entender, coxinhas e mortadelas no ponto comum que nos aproxima, a aversão a Michel Temer.
Aí mora nossa tragédia de sempre: se Michel Temer nos aproxima, qual deveria ser o real dado agregador? A corrupção? Não, não é a corrupção, é tão simplesmente Michel Temer. Para nós coxinhas pelo que representa como abuso, avanço no dinheiro público, desvio das prioridades do governo e das necessidades do povo. Para os petistas, nada disso, é Michel Temer par lui même, como diria Osmar Serraglio, no chororô galiqueiro, sua única e derradeira contribuição como ministro.
Aconteceque Michel Temer é criatura do PT, aliado ao PT para trazer o PMDB à base picareta e peculatária dos governos petistas. A corrupção de Temer não é brado de guerra, grito de indignação do PT. A corrupção de Temer entra para o PT porque trabalhou para derrubar Dilma. Para os petólatras, combater a corrupção não passa de moralismo pequeno burguês, que esquece o grande panorama do avanço social. Mexer nela é cuspir para cima, pois o atual presidente é mera continuação dos dois anteriores.