ROGÉRIO DISTÉFANO
Jura A PF encontrou 600 mil dólares na conta do ex-ministro Guido Mantega, em banco estrangeiro. Dinheiro não declarado ao imposto de renda, área do Ministério da Fazenda. Em nota, o ministro jura – usou o verbo jurar, sim – que jamais levou dinheiro quando no exercício do cargo. Mas ajudou corruptos. Foi inocente útil? Quem jura por ele?
Adeus, Daiello Joesley Batista e Aécio Neves queriam tirar o diretor da PF: “tem que tirar”, no grampo em que caíram. Esses caras da PF são do baralho. Ainda ontem os jornais noticiaram que Michel Temer deu ‘carta branca’ para Torquato Jardim, atual ministro da Justiça, tirar o diretor da PF. Claro que não foi o ministro, ocupado com os anelões nas mãos esquerda e direita, quem liberou a informação para a imprensa.
Técnica e tática O advogado Cezar Bittencourt avisa que fará defesa técnica para seu cliente, o deputado-afastado Rodrigo Rocha Loures. Então os advogados da malta da propina não faziam defesa técnica, eram jogadores de várzea?
Pal no jornau A Gazeta do Povo propõe a universidade pública paga e a petelhada cai de pau no jornal. Assunto que merece reflexão. A classe média rala para pagar a universidade privada para os filhos. A privada melhorou e a pública, de tão aparelhada, começa a ficar igual à privada de antes. Deixa quieto. Daqui a 20 anos volta ao que era dantes. É o tempo para as coisas não darem certo no Brasil. Até lá a universidade privada cresce em excelência.
O escudo Loures O Paraná contribui para a tragicomédia recente do Brasil: com o deputado-escudo, aquele que vira ministro para proteger o suplente-sem-escudo. Osmar Serraglio foi para o ministério para que Rodrigo Rocha Loures assumisse como deputado.
Quando Serraglio deixa de ser ministro e enverga o próprio escudo voltando a ser deputado, Rocha Loures fica sem escudo, o foro privilegiado para poupá-lo de um Sérgio Moro da vida.
Michel Temer corre o dedo na lista dos deputados federais do Paraná em busca de um escudo para o protegido apanhado com a mão atolada no isopor da Friboi.
Portanto, o Paraná pode ter de novo seu ministério. Não pelas qualidades do ministro, mas pelos defeitos do protegido. E Michel Temer diz que tem habilidade para governar.
BOOTH MANNERS Aprendi a expressão com as senhoras da Versão Brasileira, competentes intérpretes de congressos: booth manners, modos na cabine. Por que cabine e por que modos? Explico. A tradução simultânea se faz a partir das cabines, local protegido e silencioso, onde os intérpretes ficam isolados para captar e transmitir com fidelidade as palavras do palestrante. Modos, porque em lugar fechado a gente precisa se comportar, sem fumar, rosnar, gemer, comer pipoca como os chatos de cinema e – horresco referens – liberar ruídos corporais.
Manners vale para qualquer booth, como nos elevadores, onde os baixinhos são alvo preferencial do olhar acusador do autor da façanha que empesta o ambiente. Tenho sofrido com a falta de manners nas academias. Como o gordão, descomunal, o tipo que ao se abaixar revela o segredo de seu cofrinho. Sessão de ioga, sala lotada, o professor manda fazer a ásana, movimento tipo Kama Sutra. Não há de ver que o gordão liberou dois ruidosos, ali, na maior. Todos concentrados, ninguém chiou. No segundo rojão veio bronca. Eu primeiro, duas vezes na linha de tiro.
O mesmo dia destes, durante os abdominais, meta de atingir a metade dos 1.200 que Cristiano Ronaldo faz todos os dias. O atleta aqui concentrado, olhos fechados, firme na respiração, primeiro horário da manhã, quando se espera que todos estejam em paz com borborigmos e flatulências. Qual nada, de inopino a sagrada atmosfera de minha concentração é turbada por uma daquelas traquinagens de baixinho em elevador. Baixinho não, era a moça de boa estatura – e largura. Sem booth manners.