por Carlos Heitor Cony
Ao escrever a “Comédia Humana”, Balzac colocou mais de 300 personagens no enredo de sua obra-prima. Karl Marx, depois de ler um dos mais importantes monumentos da literatura universal, não se impressionou com tanta gente e comentou: “O livro do senhor Balzac só tem um personagem: o dinheiro”.
Na comédia política que o Brasil está atravessando, com tantos figurantes de alta ou baixa atuação, pode-se dizer que há um só personagem: o dinheiro. Com o poder ganha-se dinheiro de uma forma ou outra. Com o dinheiro, ganha-se o poder. Esse é o resumo bastante resumido da crise que o Brasil está atravessando.
Na democracia representativa, que até Fernando Henrique Cardoso criticou num discurso na Academia Brasileira de Letras, poder é dinheiro e dinheiro é poder. Os partidos que ambicionam o poder não têm dinheiro nem para pagar as contas de luz e telefone de suas esquálidas sedes.
Por sua vez, os candidatos, em sua maioria, também não têm dinheiro suficiente para manter as suas campanhas eleitorais. A solução é buscar recursos nas grandes empresas e nas grandes fortunas. Evidente que o poder político precisa de dinheiro das grandes empresas e dos gigantes do mercado. A mão de uns lavará a mão de outros. Se somarmos as quantias ganhas e gastas no mensalão, no petrolão e na Lava Jato, teríamos mais dinheiro do que o produto interno bruto.
Nelson Motta, em artigo desta semana, pergunta: “Quanto vai valer em cargos, vantagens e dinheiro vivo um voto? Não tem preço”.
Balzac, Karl Marx e Nelsinho Motta botaram o dedo na chaga que ameaça a saúde nacional. Não adianta tirar Michel Temer do poder ou reformular os partidos que estão falidos. Pior mesmo é reeditar a ditadura militar ou civil. Não seria uma comédia política, mas uma tragédia humana.
*Publicado na Folha de S.Paulo
Você levanta ,escova os dentes,pega um ônibus(passagem superfaturada)duas horas depois está na fila para picar cartão(estão querendo te ferrar na aposentadoria)almoça um bife da friboi(carne com ágio dos políticos) e a tardinha depois de contribuir com parte do que ganha para uns espertos você cansado chega em casa e senta no sofá velho,que ainda falta umas prestações para pagar(voce contribui também com a riqueza dos bancos)e ve o jornal Nacional(a 52 anos é a mesma coisa)e torce para que seu politico de estimação que carrega malas de dinheiro sujo não seja preso,e torce para que somente aquele que você não gosta seja ferrado.
Esses jogos mortais continuam amanhã.Quem será que vence??????????
Bela descrição da sua rotina silvestre, quem mandou ter político de estimação.
A coisa está tão feia que estamos naquela do, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Quem pôr no lugar do presidento agora? O que está aí não presta nem para a lata do lixo. Será que Deus deixou de ser brasileiro ou nós acreditávamos na nossa própria brincadeira?