Deu um jeito de imitar o personagem de Laranja Mecânica quando foi bombardeado por imagens. Ficou uma semana sem fechar os olhos, grudado na tela do computador. Queria ver tudo, mas numa velocidade sem tempo de assimilar direito as imagens. Morava sozinho. Tinha medo de sair à rua. Seu coração era pedra pura. Ele não sabe porque se meteu nessa jornada maluca. Adquiriu uma capacidade incrível de revolver o que havia no esgoto da humanidade. Assassinatos, acidentes, atentados, guerras… e populações inteiras passando fome, desaparecendo como carcaças à espera do serviço final dos urubus. Quando parou, descansou dormindo por três dias seguidos. Acordou, foi para a rua, tomou uma média e comeu um sanduba de queijo numa padaria. Um menino maltrapilho encostou e pediu um trocado. Ele ofereceu um pastel. O menino não quis. Ele então pensou e uma certeza veio não sabe de onde: “Morte dá mais ibope que a fome, mas as duas juntas são imbatíveis”.